Ta aí uma coisa que me incomoda e que muitas vezes prefiro - TopicsExpress



          

Ta aí uma coisa que me incomoda e que muitas vezes prefiro consentir do que tentar passar tal barreira impenetrável, tá que o burro em questão sempre acha que te venceu nos "argumentos" mas e dai?Penso eu, azar dele! Meus amigos, a verdade é uma só: burro tem mais é que pastar. E, em casa de pobre, onde pasta um, pastam dois. Começo a escrever estas linhas e uma imagem não me sai da cabeça. Escrevo e já corrijo. Uma, não. Duas. A primeira é a daquela clássica charge com um montinho de capim para cada lado, e dois jegues unidos por uma corda, cada qual puxando para o seu lado, até ambos morrerem de fome. Não sei se me faço entender. A outra é a de Arnaldo Jabor, sendo entrevistado por Marília Gabriela, e verificando a existência do que ele chamou de “impenetrabilidade da burrice”. É o burro, repito, que não me sai da cabeça. Ou, por outra, a burrice. Tudo nesse mundo merece perdão. A burrice, não. Principalmente quando parte de cabeças, até segunda ordem, inteligentes. Sim, porque até os inteligentes, vez por outra, são burros ou se comportam como tal. Difícil é um burro se portar com inteligência. Impossível, diria Jabor, porque a burrice é, mesmo, impenetrável. No futebol a figura do burro tem se traduzido no treinador, quando o time vai mal. Se a torcida percebe que o bem remunerado profissional não vê o óbvio, é porque ele é burro. Às vezes até “burro com sorte”, como Levirce Culpi gosta de contar. Mas isso é outra história. Vamos falar de rock, então. Só a burrice deixa o Pink Floyd partido em dois. Tanto que, agora, para o Live 8, parece que as duas partes se reunirão. Muitas vezes, o contrário de burrice não é inteligência, e sim, bom senso. O Sepultura é um caso clássico. Só a burrice poderia separar a banda de seu frontman, no auge da carreira do grupo, por causa de fuxicos entre as respectivas esposas. O que é Max Cavalera hoje? Uma espécie de operário de sua música, que monta a banda como quer, na hora que quer, grava discos até bons e vive de turnês e vendagens meia boca pelos Estados Unidos. E o Sepultura? Vive da fama atingida de 96 pra trás, tocando em tudo o que é buraco desse Brasilzão. Faz discos medianos e só. Só a burrice explica isso. Outro dia escrevi aqui sobre a renúncia. Não uma renúncia qualquer, mas “a” renúncia. A importância de, em certas circunstâncias, o sujeito abrir mão do óbvio, para fazer o que quiser, e, mais tarde, acertar o passo. De certa forma, foi o que Max, de um lado, e os outros três, de outro, fizeram. Uma atitude que há que se respeitar. Hoje, entretanto, é preciso olhar para trás e reconhecer o erro. Quase nove anos depois da separação é preciso ter a noção de que não deu certo. E, na verdade, acredito que eles próprios já perceberam isso. Semana passada procurei Andreas Kisser. Fazia eu uma matéria sobre a capacidade de sobrevida do heavy metal e fui pegar um depoimento dele. Numa das perguntas, queria que ele citasse quais bandas, atualmente, estariam renovando o metal pelo mundo. Disse, em tom de brincadeira, que não valia citar o Sepultura. E ele respondeu, de imediato: “O Sepultura já fez a sua parte… Já renovou…”, antes de responder a pergunta propriamente dita. Andreas sabe que o Sepultura, tal e qual existe hoje, já não tem muito mais a fazer no mundo da música. A não ser tocar para pagar as contas e ir tocando a vida. Não pense o amigo leitor, entretanto, que isso aqui é manifesto para a volta do Sepultura com a formação clássica. É sabido que não suporto viúvas, e não me comportaria como uma. Falava da burrice, e já volto a ela. Só a burrice justifica, por exemplo, que dois crânios não trabalhem juntos num mesmo projeto. Só ela, a falta de bom senso, afasta de uma equipe aquele que, durante muitos anos sustentou um determinado trabalho, em quantidade, qualidade e capacidade de produção. Só a burrice opta pelo descarrilamento a ver as coisas andando nos eixos. Só ela, repito, afasta o comprovadamente capacitado em benefício dos incapazes. Só a falta de bom senso, enfim, é que justifica o apego à bagunça, e deixa a ordem se esvair. E é então que a inefável figura de Arnaldo Jabor me volta à mente. Nesse momento, ela é mais forte até mesmo que a de Patton. Jabor usou o termo “impenetrabilidade da burrice” para explicar o porquê de, eventualmente, leitores ou telespectadores não entenderem o que ele escreve no jornal ou fala na TV. A possibilidade de não ser entendido é o grande drama de quem escreve, sobretudo em textos que fogem dos padrões jornalísticos, como os de um colunista (me refiro à forma, não ao conteúdo). E o fato de Jabor achar que um leitor não entendeu o que ele quis dizer se deve à burrice do dito cujo pode até ter um certo ar de soberba. Mas ele pode estar certo também. Porque a burrice bloqueia, sim, é fato. O que me incomoda, nessa história toda, entretanto, não é nem a burrice em sim, mas a impenetrabilidade. Porque a palavra, por si só, admite uma impossibilidade incômoda, e sentencia que a burrice é uma fortaleza, uma ilha murada por todos os lados. Não sei se Jabor se esforça para transpassar esse tipo de barreira, ou se, do alto de sua notoriedade, não está nem aí. Não sei se a burrice lhe incomoda (creio que sim), se Patton também lhe tira o sono. Sei que a burrice incomoda a mim também. Mesmo porque tenho sido vítima da tal impenetrabilidade da burrice, embora duvide de seu caráter impenetrável. Sim, meus amigos, se até o Muro de Berlim foi a pique, não será a burrice mais resistente. Ou será?
Posted on: Sat, 21 Sep 2013 20:00:00 +0000

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