Teatro é caos. É preciso abolir o discurso, rasgar a literatura, riscar o ritmo, esquecer o drama. Construir uma linguagem própria onde cada ação, texto, música, lágrima seja entendido como um ato isolado em si mesmo e esses isolamentos desemboquem numa relação imaginária e coesiva. Nada vem ou virá de nós vimos. A coisa é inequivocadamente espiritual, nada formal, mas ritualística. É sobre a morte. Mas reafirma a vida. A pulsão de ser/estar/habitar a cena é o que dita a ação. Nada se cria e tudo se inventa. Estar aberto. Deixar o inconsciente gritar. Vomitar nossas antropofagias sem vergonha. Para o teatro existir o ator, o diretor, o texto, a música, o figurino, a maquiagem, a voz, tem que obrigatoriamente deixar de existir. O racional tem que entrar em colapso. A estética tem que se suicidar. As faculdades de artes cênicas precisarão ser demolidas e o seu terreno ser considerado infértil por sete gerações. Fiquemos tão somente esquecidos em nossos corpos, nossas almas, nossa treva e nossa luz. Urgentemente.
Posted on: Tue, 20 Aug 2013 03:21:56 +0000
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