Texto de Eliane Brum, da Revista Época, sobre as questões em debate, sobre a saúde: Título: Ser doutor é muito mais fácil que se tornar médico "... A obrigatoriedade de trabalhar dois anos no SUS tem sido considerada por alguns setores, como as entidades corporativas, uma violação dos direitos individuais do estudante de medicina. Será que não poderia ser vista, além de um aprendizado, também como uma contrapartida, especialmente para quem estudou em universidades públicas ou foi beneficiado com bolsas do Prouni? O Estado, o que equivale a dizer toda a população brasileira, incluindo os que hoje não têm acesso à saúde pela precariedade do SUS, financia os estudos desses estudantes. Não seria lógico e mesmo ético que, ao final do curso, os estudantes devolvessem uma mínima parte desse investimento à sociedade? " Algumas considerações, sra. eliane 1) A saúde é mais um dos problemas brasileiros; se partirmos do pressuposto de que para todos os problemas teríamos de abrir mão de liberdades individuais para solucioná-los, inclusive de maneira torpe, abriríamos mão do nosso modelo democrático... médicos, professores, engenheiros... todos trabalhando pela sociedade, redistribuindo renda de maneira burra e ineficaz, ainda q a contra-gosto... receitando remédios a uma população pouco aderente, dando aula a semi-analfabetos e construindo casas para q os novos donos fizessem pequenos "puxadinhos", comprometendo a infra-estrutura do projeto... 2) Não é o Estado quem financia os estudos da população universitária... esse dinheiro minha querida é do cidadão contribuinte... como o meu pai, por exemplo, que trabalha 5 meses do ano para pagar impostos... se não há vagas para todos estamos nos referindo a uma outra questão... Você me parece com aqueles pacientes embebidos de verdades (e algumas vezes em cachaça) que afirmam em alto e bom som "eu pago seu salário" nos serviços de urgência... Esquecem-se de dizer q a tributação sobre o q ganham é insignificante daquela paga pela classe média, por uma regra simples, chamada "alíquotas de imposto"... 3) Boa parte das faculdades de medicina do Brasil estão atreladas ao serviço público de saúde... contribuição social per si já é um fato na formação do médico brasileiro... 4) Não compare medicina e residência médica a programas de pós-graduação, senhorita... a carga horária do curso médico é superior a 7.000, com duração de 6 anos... a residência médica, tendência natural, é de pelo menos 2 anos e não tenho conhecimento de alguma q possua algo infeior a 60 horas semanais, sem incluir regime de plantão noturno, cosiderando a exposição a insalubridade e a ineficácia de condutas por inaptidão educacional-cognitiva de uma população sem educação ao menos básica, desorientada no tempo, no espaço e na pessoa, muitas vezes não sabendo relatar sua própria condição de saúde, ou os remédios que toma... 5) Portanto, o doutorado e a medicina são coisas beeeeeem diferentes... é muuuuuito mais fácil ser doutor do que médico... e, quanto ao termo doutor, faça o uso q preferir... não faço questão deste título... embora secular, nada me traduz, a não ser tradição...
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 18:02:11 +0000
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