Tiago Jaime Machado Meu relato sobre a Assembleia Popular de - TopicsExpress



          

Tiago Jaime Machado Meu relato sobre a Assembleia Popular de Cachoeira do Sul, realizada no dia 29 de Junho de 2013. Inicialmente eu estava chateado com recentes acontecimentos na FAG (federação anarquista gaúcha), que foi invadida pela polícia sem mandato de busca e apreensão, levando materiais como tintas, cartazes e muiiitos livros que foram apresentados como material apreendido com manifestantes nos protestos e não como uma ação policial em uma entidade cultural, social e política. Com isso acabei decidindo me afastar das pessoas que integram o partido do governador que autorizou essa ação absurda, arbitrária e sem sentido. Livros não são armas. Porém, é preciso fazer a leitura correta da Assembleia Popular de Cachoeira do Sul. Primeiro é necessário desassociar pessoas de institucionalidade, mesmo que diversas pessoas que integram o Levante Popular da Juventude sejam filiados ao PT, essas pessoas não representam o partido e por sinal, pouco têm voz dentro desse partido, como é natural dos partidos políticos. Reconheço o Levante como um movimento de suporte às atividades e lutas dos movimentos sociais. Um movimento de movimentos, e que pessoas de diversas ideias, correntes, tendencias, iniciativas, movimentos, grupos, bandos, bondes, rolês e partidos integram o LPJ, e com isso minha raiva dessas pessoas passou, mas contra o Estado e a institucionalidade, ainda espero que sejam tomadas providências, seja de onde for, seja quem for. Das 2.000 pessoas que participaram do ato no dia 22 de junho, cerca de 200 pessoas formaram uma discussão para tirar os encaminhamentos da manifestação. Um desses encaminhamentos foi a realização de uma Assembleia Popular no próximo sábado. Cerca de 80 pessoas confirmaram presença no evento no facebook, mas como conhecemos a rede social de Mark Zuckberg, sabemos que somente cerca de um terço (1/3) das pessoas que confirmaram presença realmente comparecem aos eventos. Mas sempre fica aquela esperança de "agora vai, venceremos". Cheguei lá em torno das 17:30, haviam poucas pessoas e pensei que havia melado, que o frio havia tomado conta dos corações. Mas logo em seguida pude ver sinais de solidariedade, chegou microfone emprestado, extensão emprestada, caixa de som (bem boa por sinal) e com isso deu para perceber que pela primeira vez estávamos construindo um evento político público livre de partidos, sem nenhuma institucionalidade, puxado e pautado por pessoas verdadeiramente interessadas nas mudanças que realmente queremos e precisamos. 18h em ponto se iniciou a Assembleia Popular com a leitura do Manifesto de ocupação da câmara de vereadores de Santa Maria, eu fiz a leitura do texto de resposta sobre a questão da utopia e o amigo marco foi o primeiro inscrito a falar de forma livre e assim me senti mais leve por ver que estava rolando, as pessoas estavam sentadas e haviam mais de 30 delas por lá. Os desdobramentos foram avançando e sabemos que nem todos estão acostumados com essa coisa de autogestão, de deixar as coisas se conduzirem por elas mesmas, então era um certo passa ou repassa, vai e volta, mas estava claro que haviam 3 momentos: - tirar as diretrizes da assembleia - tirar encaminhamentos - tirar um texto Sei que ficamos girando em torno desses 3 temas, mas acredito que nossa preocupação maior era de incluir o maior número de pessoas na utilização do microfone e poder apresentar suas pautas e necessidades. Poucas pessoas fizeram uso da palavra, mesmo com o microfone estando aberto para todas as pessoas. Mas fiquei muito feliz em ver pessoas que no ano passado apenas confirmavam as presenças nos eventos da antiga e saudosa casa pirata e não compareciam aos eventos. E lá estavam elas, usando a palavra, expressando suas ideias e necessidades. Enfim, diretrizes foram encaminhadas, mesmo as pautas sensíveis como a licitação do transporte público avançaram sem maiores problemas, porque não haviam informantes, infiltrados, agentes provocadores, P2 e outros agentes que poderiam "embaçar" as pautas da assembleia e pudemos avançar. Foram tiradas as diretrizes, um curso de formação em alternativas ao capital, com diversos encontros descentralizados (sei que este tópico tomou bastante tempo da assembleia, mas penso que foi um encaminhamento importante depois de tornar de caráter permanente a assembleia. A última fala do companheiro que estava quietinho, chegou silencioso, interagiu pouco, mas que no final soltou o verbo e falou exatamente tudo o que muito dos presentes pensavam, foi emocionante e recebeu muitas palmas. Ao final da assembleia, aos gritos de "lutar, criar, poder popular" lembramos que essa é uma iniciativa que deixou de ser do Levante Popular da Juventude ou de uns poucos gatos pingados anarquistas e se tornou uma iniciativa coletiva, horizontal, sem líderes, sem ligações partidárias e sem entidades, mas como parte de todxs da cidade. Boa Luta Cachoeira, vamos em frente!
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 01:46:19 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015