Um nó cego na economia Autor(es): Antonio Dias Leite O Globo - - TopicsExpress



          

Um nó cego na economia Autor(es): Antonio Dias Leite O Globo - 19/09/2013 Da noite para o dia percebemos que o Brasil se transforma num país políti­ca e economicamente inviável. Não obstante os benefícios conquistados com a recente redução da pobreza deu-se nó ce­go na economia brasileira, o que inviabiliza a continuidade do progresso social. Acompanhei várias crises por que passamos, e delas quase sempre nos recuperamos rapida­mente, exceto no período da hiperinflação com a qual nos acomodamos, perdendo dez anos de desenvolvimento econômico. A saída da atual crise difere das anteriores pe­laabrangência e diversidade das condições negativas a serem combatidas. As dificuldades tornaram-se mais evidentes com as manifestações populares de inconformismo com a falta de ética na administração pública e as deficiências na qualidade de vida, com ênfase nas condições de mobilidade urbana, saúde e educação. Manifes­tações organizadas, subsequentes, algumas violentas, trouxeram inquietudes. As mazelas expostas mostram que o Brasil, embora tenha alcançado posição de destaque no mundo, pela sua dimensão, não deixou de ser uma nação desatualizada incapaz de aten­der às solicitações elementares de seu povo. Nos recentes episódios tornaram-se mais níti­das contradições essenciais entre o desejado e o possível. O processo de urbanização do país resultou em extensas metrópoles favelizadas sem que tal marcha fosse acompanhada por sistemas de transporte público de massa de extensão e qua­lidade aceitáveis. O progresso da medicina com uso de sofisticada e cara instrumentação instiga a demanda por es­ses serviços, contrapondo-se ao fato que na maio­ria dos municípios e mesmo nas grandes capitais falta saneamento básico, e o SUS não tem condi­ções de atender necessidades básicas. Aumentou o número de crianças e adoles­centes na escola, contudo o progresso na qualidade da educação foi pequeno e o setor pro­fissionalizante não mereceu atenção suficien­te. A recuperação do atraso depende, neste ca­so, do tempo exigido para o preparo prévio de educadores e será alcançada apenas mediante formidável cruzada pela qualidade, a ser em­preendida com perseverança por governo, empresas e famílias. Nenhuma dessas contradições é superável no prazo curto e sem novos gastos e investimentos públicos, mesmo que se reduza o seu mau uso. Nem será possível superá-las sem que se desate o nó cego da economia e se defina um projeto econômico para o país, como foi feito em outras oportunidades históricas. Os principais obstáculos a superar se localizam: Na obesa estrutura do Estado onde predo­mina insidiosa campanha contra a responsabi­lidade fiscal e no seu "aparelhamento" resultan­te do presidencialismo de coalizão que leva à frequente ocupação incompetente de cargos de comando, tanto na administração central como nas empresas estatais; Na indisposição de investir, da maioria dos empreendedores, diante da insegurança insti­tucional criada pelo governo central com a sua incessante atividade regulatória; Na desestruturação, nos últimos anos, dos setores de energia elétrica e petróleo, bem como no descalabro a que foi levada a infraestrutura logística, sobre a qual ainda paira a ameaça de um trem-bala. É evidente a necessidade de novo modelo de comportamento do governo central e de estra­tégia econômica de longo prazo, realista e obje­tiva. Em época pré-eleitoral os desafios se diri­gem tanto às forças políticas do governo que pretende perpetuar-se no poder como às das oposições que desejam derrubá-lo. Eles se es­tendem aos empresários e profissionais que, com espírito público, se dispuserem a partici­par da busca por soluções. •
Posted on: Thu, 19 Sep 2013 16:45:52 +0000

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