Um rapaz morreu com um tiro nas costas na minha cidade, alegadamente por correr da polícia por estar pixando um muro. Há uns anos atrás, poderia ser eu no seu lugar. Na adolescência (15, 16 anos) comecei a sair para as ruas para rabiscar muros e colar desenhos nas paredes. Certo dia levei um amigo meu que também desenhava, mas nunca havia feito pixações, intervenções urbanas etc. Era um cara tranquilo com um grande coração, pacífico - hoje não está mais entre nós, mas por outros motivos. Lembro quando vimos um carro da polícia contornando uma rua que estávamos descendo. Rapidamente jogamos o grude (cola) e alguns canetões por cima de um muro. Em seguida os policiais pararam ao nosso lado, e um deles tirou um revólver para fora da janela, apontando-o diretamente para o rosto do meu amigo. Eu infelizmente já estava acostumado com esse tipo de abordagem, mas lamentei demais ter ocorrido de forma tão tensa logo com esse meu amigo que, como eu disse, era um cara tranquilo. Se você andar pela região central e na maioria dos bairros em SJC repare na quase inexistência de manifestações artísticas nas paredes; quando eu vejo uma, trata-se de uma visão fugaz pois costumam sumir em poucos dias. A intolerância a qualquer tipo de intervenção urbana, aliada a policiais que atiram pelas costas está dando resultado. É inaceitável um rapaz morrer dessa maneira, independente do que estivesse fazendo, ou do tipo de linguagem que estivesse praticando. Poderiam dizer "ah, era pixação", mas ainda que fosse um grafite (tido como linguagem superior à pixação) o resultado poderia ser exatamente o mesmo. Mais um triste dia na história de SJC, que tem acumulado vergonhas desse tipo nos últimos anos...
Posted on: Wed, 25 Sep 2013 13:56:43 +0000
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