Uma ideia cujo tempo chegou. Durante milénios a máxima quem não trabalha, não come foi uma realidade da vida para quem não pertencesse ao clero ou à nobreza (as classes ociosas) ou não se dedicasse à guerra. Todo o trabalho das restantes pessoas chegava à justa para sustentarem estes grupos sociais e, mal, a si próprias. Esta realidade mudou. Pelo menos desde 1930 o mundo produz o suficiente para que todos se possam alimentar e ter uma vida digna sem que todos tenham que trabalhar. O desemprego endémico resulta disto mesmo: não há tarefas produtivas para distribuir a todos, mas o ócio continua a ser considerado imoral se for voluntário. E desde 1930 até agora a produtividade do trabalho aumentou exponencialmente: muitos dos que têm emprego só o têm porque lhes são atribuídas tarefas inúteis. A palavra trabalho sempre esteve relacionada com tortura. A tortura característica do nosso tempo - a tortura de que não falamos porque não queremos pensar nela - é a tortura de Sísifo. Não se pode acabar com o trabalho, e duvido que muita gente o deseje. Mas podemos perfeitamente acabar com o trabalho escravo e com o trabalho inútil. É só uma questão de nos habituarmos à ideia.
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 18:19:35 +0000
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