Uma incógnita chamada 11/07 Uma incógnita ronda os formadores de opinião: qual será a extensão dos protestos do dia 11/07? Três dias atrás, eu conversava com um colega professor da UFAL, e vaticinava que a coisa não irá muito adiante. A razão disso era bem simples: a revolta já mostou uma resiliência (odeio o termo, mas não me vem outro à mente) extraordinária, e uma certa fadiga da multidão era natural. Seria um tempo apropriado para que certos problemas conceituais fossem postos - o principal deles consistindo em responder à questão "o que queremos". Além disso, há um certo mal-estar que sinto diante de toda e qualquer tentativa de apropriação da revolta, o qual eu penso que é bastante disseminado. Já houve gente demais querendo pautar o movimento, todos fracassando de forma retumbante (lembremos da "maré vermelha" de Rui Falcão, do ridículo "líder" das massas forjado pela Veja, assim como do mesmo "plebiscito" ufológico que a mesma publicação acaba de lançar...). Sendo assim, qualquer tentativa de apropriação do processo por partidos de ultra-esquerda me parece claramente fadado ao fracasso, pela simples razão de não compreender a originalidade do processo político que está se desenhando. Como dizê-lo? Ninguém quer mais líderes, fodam-se os líderes, seja de esquerda, seja de direita, basicamente é isto. É este componente libertário que trouxe uma lufada de ar fresco à nossa discussão política habitual... Além disso, o próprio PT tem mantido uma postura ambígua em relação ao 11/07. A Conlutas, via Andes, acusa o governo federal de querer esvaziar o movimento. A imprensa conservadora, por sua vez, acusa Dilma de fazer conchavos com os movimentos populares. Dilma totalmente perdida, fala-se da saúde de Lula... Que raios está acontecendo? Nesta indecisão, parecia natural que o 11/07 não desse em nada. Mas então houve algo inesperado: os nossos congressistas e governadores resolveram colaborar com a revolta, dando motivos de sobra para que ela continuasse, implorando pela segunda onda. Compreenda-se: os vôos da FAB não são nada, o escandaloso foi o Senado e o Executivo fazerem todo mundo de trouxa com a Educação! Onde foi parar o nosso futuro? Se existe mídia inteligente: o que aconteceu com os 75/25% da Educação e da Saúde? Onde está Cristovam Buarque diante dessa aberração? Diante dessa auto-imolação de nossos congressistas, o 11/07 pode adquirir uma dimensão inesperada. De fato, ou a sociedade civil dá um basta a esse escárnio pseudo-representativo que vivemos, ou então viveremos dormindo eternamente. PS: se você realmente quer uma saída democrática para a crise que vivemos, não deixe de assinar a petição: avaaz.org/po/petition/ABRAM_O_SENADO/ Texto publicado em: fernandomonegalha.blogspot.br/
Posted on: Sun, 07 Jul 2013 02:39:14 +0000
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