Uma pequena contribuição teórica que defende um ponto de vista - TopicsExpress



          

Uma pequena contribuição teórica que defende um ponto de vista e que pode auxiliar a entender o vídeo em anexo: (...) Mike Davis é pungente em sua descrição do que, a seu ver, tem tomado corpo e assumido a forma de processos de planejamento urbano. As disputas existentes entre as classes e que eclodem com frequência são, conforme defende, intermediadas por um Estado vil que atua unilateralmente em benefício da iniciativa privada em suas diversas formas. Para ele, “a segregação urbana não é um status quo inalterável, mas uma guerra social incessante na qual o Estado intervém regularmente em nome do “progresso”, do “embelezamento” e até da “justiça social para os pobres”, para redesenhar as fronteiras espaciais em prol de proprietários de terrenos, investidores estrangeiros, a elite com suas casas próprias e trabalhadores de classe média”. Está, portanto, o Estado em conflito com a pobreza que se encorpa e cresce vertiginosamente em escala global. Os esforços de remoção de favelas, de ocultação da pobreza e afins se dão, conforme aponta o autor, no sentido de favorecer “o belo da cidade”. (...) Tais processos de remoção de favelas ocorreriam comumente embasados em pretextos. Um dos mais comuns, conforme aponta o autor, é a criminalização da favela. Conforme indica, durante a ditadura brasileira, os militares, “Evocando a ameaça de um minúsculo foco urbano de guerrilheiros marxistas, arrasaram oitenta favelas e expulsaram quase 140 mil pobres dos morros que dominam o Rio”. (p. 115) Em paralelo, surgiu a demanda por parte das classes médias e altas de maior segurança. E, em uma sociedade capitalista agressiva, onde há demanda a oferta se incube de gerar lucros. Para o autor, “a nova tendência global desde o início da década de 1990 tem sido o crescimento explosivo de subúrbios exclusivos e fechados na periferia das cidades do Terceiro Mundo.” (p. 120) De fato, esta tendência se revela uma consequência da tentativa de remoção de favelas por parte do Estado acrescida da então oferta de segurança oriunda da iniciativa privada, resultante desta demanda por parte das classes abonadas, que por opção própria, dos seus integrantes, que dispõem de recursos suficientes para se dissociarem da famigerada massa crescente de pobreza, se deslocam à periferia. Eis que os processos de planejamento urbano se revelam fortes tentativas e esforços de obter segurança à custa de toda uma população excedente, não assimilada pelas cidades e sim pelas favelas, em benefício de uma pequena parcela abastada e que realizam verdadeiras “cruzadas pela demolição de favelas”. (p. 121) Resenha de "Planeta Favela", de Mike Davis
Posted on: Sun, 16 Jun 2013 18:24:13 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015