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À UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ AO FÓRUM DE MOBILIZAÇÃO DA UFC O VIADUTO, A CIDADE E A LIBERDADE O COCÓ QUE NOS ALERTA! Que Cocó é esse? É o Cocó que mexe com a cidade. Que busca futuro para o planeta e a humanidade. Que dá um basta no assassinato da comunidade. Que nega o viaduto porque não aceita mais anticidade. Que irradia alegria para uma humana mobilidade. Que preserva a biodiversidade. Que aspira o ar da liberdade. Que luta por uma nova sociedade. Expressão disso são as ricas experiências culturais, artísticas, sociais, ambientais que inspiram novos papéis para novos seres humanos. É evidente que isso contrasta e tensiona com os valores da sociedade mercantil incrustrados nas nossas vidas com sua carga negativa de sofrimento. No entanto isso não impede que assumam novas dimensões aulas, trilhas, exposições, replantios, poesias, músicas, teatro, encontros, debates, visitas, jardins, flores, etc. E que se desenvolvam novas vivências baseadas na doação, na partilha, na solidariedade, desprendimento, entrega à defesa de uma causa coletiva, horizontalidade, tolerância, convivência com opiniões distintas e gestação de uma visão crítica sobre o dinheiro. Em razão disso aflora o sentimento de que a defesa dessa causa vale a pena. De que a alma se agiganta. De que uma paixão desmedida se espraia. De que o entusiasmo se multiplica. De que os obstáculos podem ser superados. Assim sendo, só poderiam fracassar as tentativas de aniquilamento do acampamento. O prefeito e o governador, ao insistirem em impor a construção retrógrada dos viadutos, se mostram mesquinhos diante da grandeza da luta do Cocó que suscitou a formulação de onze propostas alternativas de mobilidade urbana para melhorar o trânsito. Por isso se tornaram ridículas suas articuladas campanhas de difamação. E suas investidas repressivas reeditaram as praças de guerra promovidas pela ditadura militar Além disso, as interpretações, principalmente da mídia, que visam a judicialização da luta; as infiltrações no acampamento para minar e dividir os combatentes e a utilização do terrorismo de estado para exterminar o movimento não conseguiram impedir o ar conspirativo e emancipatório do Acampamento do Cocó. É alentador constatar que começam a se esboçar, tanto do ponto de vista teórico como prático, iniciativas para que Fortaleza deixe de se lamentar do caos, ponha-se de pé e tome em suas próprias mãos, corações e mentes o destino da cidade, independente do estado e do mercado. O acampamento começou a sonhar com um mundo diferente e a agir para que isto aconteça. Como se sabe, o possível resultou na anticidade. Agora, é a vez do impossível para construirmos uma alternativa à altura do século XXI. Hoje esta tarefa está mais acessível para nós do que para os que nos antecederam. Em primeiro lugar, diante da natureza da crise, está ficando quase desnecessário demonstrar a fragilidade atual do capitalismo. Afinal, salta aos olhos o seu esgotamento, o seu negativo potencial histórico de progresso, seu limite para o desenvolvimento e sua evolução regressiva. Em segundo lugar, não dá mais para pensar em construir a substituição ao capitalismo sob formas que levem à sua continuidade, como aconteceu com as revoluções que não se fundamentaram na crítica categorial ao capitalismo. Afinal, se o sistema desmorona, sua autodestruição se acelera e seu fundamento se depara com sua barreira histórica, irrompeu a oportunidade para suplantá-lo. Evidentemente que esse morto-vivo, em processo de decomposição, ainda acarreta estragos tremendos, não só desencadeando guerras, violências, espionagens, genocídio, corrupção, barbárie, etc., mas também porque produz danos quase irreparáveis no plano ecológico. Com relação ao Brasil, em particular, vale conferir o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas a ser divulgado. A debilidade do capitalismo, no entanto, é apenas uma condição favorável para o advento de uma sociedade liberta. Não é de modo nenhum uma condição suficiente para a nossa emancipação. O fato da prisão estar em chamas de nada nos serve se a porta não se abrir ou apenas se abrir para o precipício. Tudo isso ressalta o papel que o ser humano pode desempenhar na atualidade. Afinal o limite do sistema não é o limite do ser humano. Nesse sentido, uma pergunta fundamental se impõe: que seres humanos poderão realizar a transformação social necessária? Sujeito ou antisujeito? Equacionar esta resposta constitui a mais candente questão da atualidade. Como se sabe, todos os sujeitos tidos como tais, sem exceção, a exemplo do proletariado ou dos pretensamente colocados para substituí-lo, fracassaram. Este desafio esteve presente no Occupy Wall Street, na Primavera Árabe, nos Indignados da Espanha, nas manifestações de junho e no 7 de setembro, no Brasil. Ele está presente também no Cocó. Essas manifestações produziram marcas e sinalizações profundas no mundo, no nosso país, estado e cidade. Nenhuma delas, no entanto, enfrentou a construção do novo "sujeito", nem os desafios da superação e suplantação do sistema para nos libertarmos das condições de sujeitados(as) às categorias fundantes do moderno sistema patriarcal produtor de mercadorias (valor, dissociação, trabalho, mercadoria, dinheiro, mercado, política, estado, democracia...). Ainda carregamos largamente os reflexos do sistema que nos domina e condiciona. O ser humano continua ainda vergado, autômato e não autônomo e já não experimenta mais quase nenhum constrangimento perante a existência da mercadoria. Ao contrário, se relaciona intensa e inconscientemente com ela e a concebe como um objeto do desejo. Mas negar o olhar para a transcendência à mercadoria e demais categorias, não só limita o alcance das conquistas imanentes ao sistema, mas nos torna impossibilitados para o acerto de contas com o capitalismo. Esta problemática ficou evidente com a jornada de junho e seus desdobramentos. Os movimentos que apresentam reivindicações ou têm como alvo os símbolos capitalistas insistem em desconhecer que o capitalismo é uma sociedade governada por mecanismos anônimos e cegos, automáticos e incontroláveis da produção do valor-dissociação e demais categorias. Se permanecermos submetidos a elas continuaremos simultaneamente atores e vítimas deste mecanismo, embora os papéis desempenhados e as recompensas obtidas sejam diferentes. Não há dúvidas de que não podemos aceitar de forma alguma a proibição de usarmos máscaras nos protestos. Nesse sentido, seria importante uma manifestação onde todos nós estivéssemos mascarados. E, nesse protesto, retirássemos as máscaras de caráter que nos mantém presos à matrix fetichista, ao valor, ao dinheiro, etc. Pois apenas constituindo-nos como antisujeitos e concentrando o ataque nas categorias fundantes do sistema poderemos abrir uma perspectiva inovadora que suplante de fato o capitalismo. Claro que, diante da fronteira histórica do capitalismo, os desastres chegarão cada vez mais em cadeia. Pois o agravamento da crise é mais do que certo. E, portanto, as pessoas vão, com certeza, se revoltar com o que lhes acontece e vai lhes acontecer ainda mais. A questão está em saber como reagiremos, que caminho tomaremos. Para nós, a saída está na elaboração coletiva, teórica e prática, de uma maneira de viver que vá muito além das ruínas deixadas pelo capitalismo. Para isso, concentramos o nosso foco na construção do antisujeito e de uma experiência coletiva que nos permita a acumulação de forças para a ruptura definitiva com o capitalismo. Não é fácil abraçar essa opção, que é mesmo a mais difícil. Se ela atrair pouca gente, será esmagada. Daí a nossa insistência para que nos protestos que de qualquer modo surgirão, possamos coletivamente construir a alternativa. A cidade tomou conhecimento de que o prefeito recorreu a um projeto anacrônico. Nele, nem viaduto tinha. Introduziu o monstrengo achando que o colocaria facilmente goela abaixo da cidade. Na tentativa da sua construção cometeu um assassinato contra a cidade onde ficaram registradas suas impressões digitais. Não produziu um estudo de impacto ambiental sobre uma área tão sensível. Desconheceu as iniciativas que há anos chamam a atenção para as constantes barbaridades que vêm sendo praticadas contra o Cocó e que após 60 dias do acampamento despertam parcelas mais significativas da cidade. Derrubou árvores num número bem maior do que foi divulgado. Devastou uma área bem maior no parque do que a informada. Recorreu por diversas vezes à justiça para impor sua visão ultrapassada de urbanismo. Sua intenção de vir a usar um apetrechado aparelho repressivo para desocupar o Cocó produzirá uma cidade rebelada. A luta histórica do Cocó transformou a história da nossa cidade. E as histórias das cidades sempre foram histórias das lutas pela liberdade. Uma liberdade que até hoje não se realizou. Agora, abre-se a oportunidade para essa façanha histórica. Pois, finalmente, os seres humanos podem se constituir como conscientes e quase livres para se libertarem. Esta libertação nos possibilitará a conquista de uma sociedade humanamente diversa e desfetichizada, socialmente igual e criativa, ecologicamente exuberante e bela, prazerosa no ócio produtivo e completamente livre, a sociedade da emancipação humana. Fortaleza, 09 de setembro de 2013 Um abraço Crítica Radical
Posted on: Tue, 10 Sep 2013 16:18:28 +0000

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