16% dos abortos por repetição estão relacionados diretamente - TopicsExpress



          

16% dos abortos por repetição estão relacionados diretamente com a ocorrência de TROMBOFILIAS hereditárias ou adquiridas. Gravidez ´preciosa´ Uma gravidez especial. É assim que a secretária Débora Roncalli define o momento por que está passando há 28 semanas. Não só porque a gestação veio depois de duas perdas ou é primeiro filho. É que a fase deve ser monitorada com mais intensidade. Além disso, a rotina do pré-natal tem um detalhe a mais: todo dia Débora aplica em si mesma uma injeção de heparina para evitar a formação de trombos e controlar a coagulação do sangue em níveis normais. Essa é uma das partes do tratamento para trombofilia na gravidez. Para quem jamais ouviu falar no problema, soa estranho. O fato é que a heparina ajuda na coagulação do sangue e é fundamental nesse processo. “Na verdade, a medicação não é para mim, é para o bebê”, ressalta Débora. Esse tipo de tratamento começa antes mesmo da gravidez, prossegue durante toda a gestação e pode se estender até depois do parto. O hematologista Lindemberg Lima lembra que nenhuma mãe quer ser surpreendida, durante a amamentação, com uma trombose na perna, por exemplo. Segundo ele, são altos os riscos de prematuridade. Em geral, a interrupção da gravidez é tomada pelos médicos para assegurar a vida da criança e da mãe. Isso porque, sem o tratamento adequado, há 30% de chance de a gravidez não evoluir e culminar em aborto ou no nascimento do bebê com baixo peso e desenvolvimento corporal. Para a mãe também há conseqüências. Como informa o médico, ela pode sofrer uma trombose venosa profunda (mais freqüentemente na perna esquerda), um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, obstrução da artéria que irriga intestino, ou infarto do miocárdio ou tromboembolismo pulmonar. “Esse risco para mãe trombofílica se estende durante todo o puerpério, o famoso resguardo de 44 dias”. Lindemberg Lima alerta que, mesmo com o tratamento, a gravidez é de risco, embora prefira classificá-la de “gravidez preciosa”. Não faltam motivos: “pela sua capacidade de mobilizar bons sentimentos, competência profissional e enorme força de vontade dos pais e seus familiares”. A boa notícia é que, devidamente assistida, as chances de sucesso são de 90% a 94%. Conforme adianta Joaquim Luiz Moreira, o primeiro passo para se chegar ao diagnóstico é uma boa conversa (anamnese) com o médico. Em seguida, vem a bateria de exames. “Infelizmente, o custo dos exames utilizados no diagnóstico ainda é extremamente alto. Na rede pública do Ceará, não temos conhecimento de local que realize todos os exames diagnósticos. Na rede privada, alguns exames ainda não são cobertos pelas operadoras de planos de saúde, o que não deixa de ser uma dificuldade para o diagnóstico”, frisa. Outro problema é o alto custo das medicações, a dificuldade de encontrá-las em certos períodos do ano, a inexistência dos remédios na rede pública e o incômodo das injeções subcutâneas até duas vezes ao dia. Como explica Moreira, mesmo com o tratamento há riscos. Os mais comuns são queda das plaquetas, sangramentos nasal, ocular, em pontos de injeção ou na gengiva. “Isso acontece com maior facilidade, representa pouco risco e ocorre pela ação de diminuição da capacidade de coagulação do sangue imposta pela heparina e ácido acetilsalicílico. Outro resultado é o possível enfraquecimento da massa óssea”, informa, acrescentando que esses fatores podem ser suplantados com exames regulares de controle da coagulação e suplementação com cálcio na gestação. Débora sabe todos os detalhes e segue o tratamento à risca. Quando falta medicamento, adquire as injeções até em outros estados. Tudo pelo bem de Samuel, previsto para nascer em março. Cada caixa com dez seringas custa, em média, R$ 120,00 — usa-se uma por dia. Com todas as dificuldades, Débora se apóia na fé em Deus, segurança dos médicos e no marido, Roncalli de Oliveira. “Ele já é um pai maravilhoso. Se não fosse ele, não sei se eu e o Samuel estaríamos aqui hoje”. Prova disso é a escolha do nome do bebê, que significa “chamado pelo Senhor”. CARACTERÍSTICAS Trombofilias são alterações no sistema hemostático e podem ser adquiridas ou hereditárias. Cada trombofilia tem riscos diferentes ou até ausentes na gestação. Cerca de 5% da população tem os anticorpos relativos ao problema, sendo que 16% dos abortamentos de repetição estão relacionados com a doença. A incidência aumenta para 24% na fertilização assistida. Pessoas com lúpus têm síndrome dos anticorpos antifosfolípides (SAAF) em até 34% a 42% dos casos. Trombofilias mais comuns são Fator V de Leiden, hiperhomocisteína, deficiência nas proteínas C, S e antitrombina. MARTA BRUNO Repórter
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 18:08:11 +0000

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