A EMERGÊNCIA DA RAZÃO Cada um de nós reúne conjuntos de experiências ao longo da vida. O processo de integrá-las para que adquiram um significado não é contínuo, mas se faz se tempos em tempos. Às vezes de forma inesperada, sozinhos, outras com ajuda de alguém ou a partir de determinadas situações. Podemos chamar esses momentos de emergência da razão. É dessa forma que costuma se dar, na prática, o aproximar-se do ideal socrático expresso na frase "conhece-te a ti mesmo". Olhar-se na frente do espelho e fazer-se cem perguntas confessionais pode levar à consciência do quanto somos imperfeitos e precisamos melhorar. Mas apenas a integração do que foi vivido pode dar um sentido de quem fomos e em quem nos transformamos, ou seja, de quem somos. A emergência da razão traz surpresas. Se não invalida tudo o que vivemos anteriormente, nos dá a chance de ver as coisas com outros olhos e recomeçar em bases mais sólidas. Organiza melhor a percepção dos nossos pontos fracos e fortes e do quanto muitas vezes tentamos mais do que podíamos, ou nas direções que não correspondiam ao nossos desejos. É uma pequena revolução. Coisas que eram importantes deixam de o ser e um amplo campo de interesses se abre à contemplação e à ação. Essas fases podem ser sentidas como um reencontro consigo mesmo. E, de fato, são. Pode ser sofrido, podemos nos culpar por termos sido tão imaturos por tanto tempo, podem ocorrer depressões e crises de angústia. Mas o resultado é nos sentimos mais livres e com mais capacidade de realização. E, principalmente, gostarmos mais de nós.
Posted on: Fri, 06 Sep 2013 02:32:11 +0000