A REALIDADE DO CURSO DE MEDICINA DA UPE Prezados professores e - TopicsExpress



          

A REALIDADE DO CURSO DE MEDICINA DA UPE Prezados professores e estudantes, Todos sabem que passamos por crise de falta de docentes em várias disciplinas da UPE. Recentemente entregamos um documento a Reitoria assinado pelo Prof Marcelo Azevedo contendo um estudo feito pela Professora Bernadete Antunes pensado no desenho do currículo da FCM e baseando-se nele para estimar a necessidade de professores. Segundo esse estudo necessitaríamos de um número mínimo de cerca de 240 docentes. Atualmente temos 159 mas 21 estão afastados ou em fase de aposentadoria, portanto sobram 138 docentes. A nossa proposta considera a fragmentação das turmas e a inserção de horas-docente para atender a todos os grupos de estudantes. No último CONSUN apresentamos a nossa proposta oficialmente à UPE, mas no final das contas ela não foi discutida como desejávamos. Em vez disso ouvimos a promessa que seríamos contemplados com uma porção das vagas disponíveis em concurso próximo para os 3 cursos de Medicina da UPE, aproximadamente 28 vagas para os três cursos. Esqueceram-se do novo curso de saúde coletiva. Hoje fomos convidados a uma reunião na COGRAD com a professora Izabel e dela ouvimos o seguinte: A resolução 017 do CONSUN de 2011 estabelece, de acordo com a legislação vigente, as diretrizes regulamentadoras da distribuição da carga horária dos docentes da UPE, exercida em atividades de Ensino, Pesquisa, Extensão, e Gestão além do outras providências Segundo a resolução e a LDB, o semestre deve ter 100 dias úteis. Dois semestres, 200 dias. Tirados os 30 dias de férias, o nosso ano tem 335 dias. Tiram-se 200 dias de trabalho sobram 135 dias. Desses 104 são sábados e domingos. Restam 31 dias que são feriados, vestibulares, etc Segundo a 017, os professores 40 horas por semana devem usar 8 horas (20%) em ações de planejamento, gestão, etc; 16 horas de ensino em sala de aula e 16 horas de pesquisa extensão, etc. Depois disso a Professora Izabel disse que entre os nossos docentes, 38 não dão uma hora de aula sequer, 24 menos de 10 horas por semestre, 19 menos de 20 horas, 15 menos de 30 horas e 46 menos de 50 h por semestre. Esse dados foram levantados dos programas de módulos oferecidos pelos próprios gestores de módulos. A professora quis dizer que com tantos professores sem cumprir as suas obrigações é constrangedor pedir mais professores. Eu e a Professora Bernadete contra-argumentamos que vários pontos não foram considerados: 1- não foram considerados as horas comprometidas com o Internato e o internato corresponde a mais de 40% do curso; 2- As ações de assistências demandam muito mais do professor de medicina do que de um professor de licenciatura e não é justo submetê-los ao mesmo regime de horas de trabalho. Não é possível manter um curso de medicina sem doentes e doentes precisam ser assistidos em ambulatórios, enfermarias, UTis, iclusive nos finais de semana e feriados, etc e isso demanda tempo docente; 3- Temos concentração de docentes em disciplinas que foram politicamente poderosas na história da FCM, e faltam professores em áreas críticas: neurologia, pediatria, cirurgia pediátrica, clínica médica, saúde da família, semiologia, psiquiatria, etc e que precisamos de docentes para as áreas críticas e que não posso fazer um docente de cirurgia assumir a cadeira de psiquiatria e por isso mesmo estamos lidando com SUMIÇOS DE DISCIPLINAS; 4- Que em razão do perfil do curso médico as aulas são dadas em pequenos grupos e isso demanda muito mais horas professor, como mostrou a Professora Bernadete Antunes no seu relatório 5- Não comparou as nossa relação docente/escola com outras faculdades estaduais de medicina; 6- Os programas entregues pelos docentes de disciplinas são imprecisos e a contagem de horas por docente estava equivocada em muitos casos; 7- Não consideraram que 30% de nossos docentes tem mais do que 30 anos de trabalho e estão próximos a aposentadoria. Ouvi dela que esses docentes mesmo com mais de 30 anos de serviço só se aposentam com 70 anos e que muitos ainda ficarão muitos anos na FCM; 8- Não consideramos justo não levar em conta a contribuição que nossos professores dão à manutenção dos serviços, etc. e por isso mesmo não podemos medir o trabalho do docente apenas pelas horas em sala de aula. Dei o exemplo do grupo de transplante de fígado que se dedica 24 horas por dia, todos os dias, para manter um serviço que oferece um brilhante modelo de ensino para estudantes, residentes, internos, provoca reuniões, publicações, pesquisa, etc e mesmo que alguns professores não dêem uma aula sequer para agraduação por semestre, ainda assim é indiscutível a contribuição docente deles para a FCM. Por fim a professora Izabel manifestou profunda indignação quando eu disse que há um sentimento de grande insatisfação por parte dos docentes (além das condições de trabalho) com relação ao salário e que competíamos sim com a pressão salarial do mercado. Exemplifiquei dizendo que um menino que acaba de sair da escola, ainda inexperiente e imaturo, ganha nos programas do governo o dobro de um professor doutor na UPE com todas as suas obrigações. Indignada ela disse que não ia considerar as minha palavras, que não trataria professores da UPE de maneira diferente e eu lhe disse que isso era um erro da Universidade. Um professor de medicina tem muito mais chances no mercado do que um professor de línguas e que era impossível exigir que o professor cumprisse as suas 40 horas semanais pelo salário da UPE. Por mais indignada que ela ficasse, não pode negar que o problema existe e as consequências estão aí, batendo a nossa porta. Disse que se isso fosse exigido dessa maneira haveria uma debandada geral dos nossos professores. Bem, ela ficou mesmo indignada. Também censurou-me por eu não poder entregar a ela e conhecer detalhadamente onde todos os professores tem as suas atividades ponto a ponto e eu lhe lembrei que não temos há anos investimento em gestão, temos poucos, desmotivados e mal pagos funcionários e que sozinho, sem sequer uma pessoa para me ajudar não posso dar conta de tudo, inclusive do serviço de burocratas, escriturários, secretários, etc e que mesmo assim tenho tentado levantar esses dados mas que esbarro na indiferença de meus pares aos meus pedidos de informação. Como podem ver, foi uma reunião tensa. O ponto de vista da Pro-reitoria é completamente diferente do nosso. Entendemos que nossos professores precisam ser valorizados, que é preciso considerar a contribuição histórica que dão aos serviços, à residência e a pesquisa, que o ensino da medicina tem características que são inerentes à medicina e só a ela, que entendemos que precisamos de docentes sim, e que os argumentos de que não precisamos de docentes porque muitos não trabalham são intoleráveis e não aceitaremos generalizações. Aceitamos que há docentes problemáticos, e salientamos que quando levamos esses casos à reitoria, historicamente não obtivemos as respostas que desejávamos e citamos nominalmente alguns dos casos mais sensíveis. Disse que estamos dispostos a tratar de dar uma resposta aos casos problemáticos mas que precisamos de apoio da Reitoria para isso. Enfim, ficamos de devolver até o final da semana os argumentos que embasam a nossa demanda por docentes e que dizem aonde s senhores estão e o que estão fazendo. Escrevo esse email aos senhores para dar transparência aos nossos atos e à nossa postura diante dessa discussão e uma resposta àqueles que diariamente nos cobram por novos docentes. Também acho importante que aqueles que realmente trabalham pela FCM nos seus ambulatórios, enfermarias, postos de saúde, visitas em finais de semana, plantões, ações de extensão, pesquisa e principalmente aqueles sacrificados em suas disciplinas agônicas, demonstrem a sua indignação com discurso que ouvimos. Sinceramente temo pelo futura da FCM. Não seremos capazes de sustentar um curso médico de excelência sem investimentos por parte do governo em estrutura, gestão e modernização de nossos hospitais e prédios de ensino e sem a recomposição de nosso corpo de docentes e de funcionários. E o nosso governo não parece sensível aos nossos argumentos. Ao contrário, em um região que precisa formar pessoas e talentos, sinto como se a Universidade fosse considerada um ônus para o Estado. Respeitosamente, Prof. Luiz Eduardo Correia Miranda Coordenação do Curso Médico - FCM/UPE
Posted on: Wed, 21 Aug 2013 02:18:12 +0000

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