A dois quilômetros do Mineirão, o tráfego era cruel. Tudo - TopicsExpress



          

A dois quilômetros do Mineirão, o tráfego era cruel. Tudo parado. Já estávamos no trânsito há 1h30min e faltavam 40 minutos para entrarmos no ar pelo SporTV. Nada andava. O vai-e-vem a pé era uma realidade. Jardel, o motorista, não era muito animador. “Temos que cair para a esquerda, mas difícil é chegar até lá”. Até que Luiz Carlos Jr decretou. “Vamos a pé”!. Dito e feito. Pegamos os ternos, envolvos em capas, mochilas nas costas, e mergulhamos no apaixonado mundo da massa do Galo até chegar ao palco da final da Taça Libertadores. Crônica do blog do jornalista, secador, Lédio Carmona ... Passamos no meio dos torcedores. Uma gritaria enlouquecida. Ansiedade comovente. Luiz Carlos, Juliano Beletti e eu sentimos os nervos dos atleticanos pré-final no olho do furacão. Experiência única. Finalmente chegamos. Suados, energizados e possuídos por um calor humano marcantes. Era mesmo para ser uma transmissão diferente. A noite em que o Atlético Mineiro espantou seus fantasmas, quebrou paradigmas, destruiu rótulos, aniquiliou preconceitos e pairou entre o êxtase e o pânico jamais será esquecida por nós. Testemunhar, no meio do povo alvinegro a inédita conquista da Taça Libertadores, foi um prêmio para quem vive à caça de grandes histórias para serem contadas. Nós estávamos lá. Graças a Deus vimos de perto o que, certamente, contaremos durante todo o resto dos anos das nossas vidas. Entramos no Mineirão. “Galo!” “Galo Doido!” “ÊEEEE, Galo”. Esses gritos martelam minha cabeça até agora, quase 24 horas após a final, quando finalmente cheguei em casa e pude escrever esse texto. Na cabine, o frisson era o mesmo. O ambiente emocionava. Aquela gente em estado quase catatônico não merecia a dor. 60 mil vozes pregavam esperança e jurava acreditar que daria certo. Pus o terno e, antes de microfonar, fui ao banheiro. Lá dentro, surge um elemento que, claro, vagava silencioso, camuflado na gritaria dos corredores. “Seu Lédio, eles vão chorar hoje! Será divertido. Vou rir muito”. Constrangido, cumprimentei o secador e saí de fininho. Em qual jogo de futebol do planeta não temos o secador? Imagine numa final de Libertadores… Pré-jogo de quase uma hora, opiniões, tendências, possibilidades, palpites, eis que rola a bola. Atlético ansioso. Olímpia perigoso nos contra-ataques. A bola bate na mão de Pittoni. A turma do camarote ao lado olha para a cabine. Querem nosso veredicto. Acenamos. “Bola na mão”. Frustração. O primeiro tempo foi sufocante. O Galo não se encontrou. O Olímpia foi grande, como reza a sua história. Não teve medo do jogo. Mas não decidiu. Segundo tempo. Grandes jogos são decididos por lances insólitos e inesperados. O primeiro gol do Galo, logo no primeiro minuto, veio numa fura de Pittoni, o algo dos Defensores del Chaco. Jô virou rápido e venceu Martin Silva, que parecia instransponível. Ever Almeida, treinador e herói paraguaio, mexeu mal demais. Tirou Silva, Salgueiro e Bareiro, seus jogadores mais decisivos. Abriu mão de atacar. E no contra-golpe só tinha Juan Carlos Ferreyra, um poste sem velocidade. Segundo lance decisivo: arrancada de Ferreira, ele dribla Victor, demora a chutare cai sozinho. Se a bola entra, o Atlético estaria batido. Era a senha para a arrancada final. A superação observada contra Tijuana e Newell´s haveria de ter sua trilogia na noite do Mineirão. E a cabeçada meio sem pretensão de Leonardo Silva encontra Martin Silva no meio do caminho. O uruguaio é um goleiro que vive de certezas e não costuma pensar no acaso. A testada de Leo Silva foi, digamos, algo assim, assim. A três minutos do fim, o Galo operava mais um milagre. Prorrogação. Pressão, pressão, pressão. Cruzamentos, cruzamentos, cruzamentos. Aflição. Drama. Medo. Catimba. Porrada. Gols perdidos. Tinha mesmo que ser nos pênaltis. E ali eu tinha certeza que daria Galo. Porque tinha Victor. Porque tinha melhores batedores. Porque o Olimpia, por maior que fosse, botava todas suas fichas no seu mega-goleiro, mas não tinha confiança nos cobradores. E porque a noite tinha que ser daquele povo apaixonado. Não poderia ser diferente. 42 anos a espera da redenção. De um título que representasse o tamanho desse clube. Eu vi o Galo ganhar a Libertadores. Vi e vivi as emoções dentro da massa. Na rua, no estádio e em toda Belo Horizonte. Vi Cuca se estatelar no gramado e viver sua redenção. Vi Ronaldinho Gaúcho ganhar sua primeira Libertadores. Vi Bernard jogar a prorrogação com câimbras nas duas pernas. Vi a esperança virar realidade. Eu vi mais uma noite maravilhosa de futebol. Torcedores, atleticanos ou não, deixemos de lado pelo menos nessa linha qualquer rivalidade ou secação. É bom demais ver e viver a história, Sou um privilegiado. Para sempre.
Posted on: Sat, 27 Jul 2013 13:12:49 +0000

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