A “operação Barbarrossa” do pequeno fuhrer Para - TopicsExpress



          

A “operação Barbarrossa” do pequeno fuhrer Para desenrolar o novelo citemos o digno autor do Guião; “a situação de emergência financeira levou a um conjunto de efeitos políticos, económicos e sociais que, legitimamente, a sociedade portuguesa não deseja repetir” (pag 10). Esta frase é tão tautológica que se torna imbecil. O caminho é traçado com clareza, “não há qualquer possibilidade de superar a emergência financeira sem reduzir a despesa pública; e não há qualquer possibilidade de reduzir a despesa pública sem ter impacto nos salários das Administrações Públicas e nas aposentações do Estado” (pag 11). Assim, recai sobre uma faixa restrita da população a responsabilidade do retorno a uma imaginária soberania que reconstrói o orgulho pátrio de gente deslocada no tempo como Portas. Nessas pessoas é delegada a responsabilidade do pagamento dos desvarios financeiros que a classe política protagonizou ao serviço do capital financeiro indígena, desestruturando totalmente a economia portuguesa, endividando famílias e empresas com dinheiro fácil, empurrando para o Estado os impactos dos reduzidos capitais próprios de bancos e empresas e das impunes burlas do gang BPN ou dos arquitetos das parcerias público-privadas. São culpados do crime de trabalhar ou ter trabalhado em serviços públicos. Nessas pessoas recai o anátema de viverem almofadados em mordomias e regalias enquanto se tornam secretas aquelas, reais e ilegítimas que a classe política decretou para benefício próprio. Procura-se assim segmentar a população trabalhadora apontando para uns que terão vivido, mais do que os outros, acima das suas (parcas) possibilidades. Estão eleitos os herejes e os judeus deste Torquemada v.2 que, tal como Hitler, se prepara para a locupletação com os bens das vítimas, antes de concretizar o genocídio; não em caras câmaras de gás mas, através de forçadas reduções em gastos de alimentação, saúde, energia. Estão em causa as poupanças que os trabalhadores, agora na reforma, confiaram à ladroagem pós-salazarista do partido-estado PSD/PS - tendo como gestor da sacristia o partido do Portas - para se valerem na velhice, saqueadas retroativamente com os cortes e que, conjugados com o aumento da carga fiscal em IRS, IVA e IMI, colocam em risco a posse das suas casas, adquiridas num processo da agiotagem montado pelos bancos e pelos beneficiários da volúpia imobiliária, amparados por um Estado cuja política de habitação foi o recurso ao “mercado”. Quanto aos funcionários públicos pretende-se a sua saída seja seguida da contratação de gente precarizada – que até poderão ser os antes despedidos - para o exercício de funções públicas, com salários miseráveis, sem direitos e contratados através das prestimosas empresas de trabalho temporário. É esse o modelo apontado com a “entrega das escolas aos professores” em que aquelas deixam de ter uma gestão pública para serem pertença de grupos privados, financiados pelos impostos – como os hospitais privados de hoje – sem riscos e rendabilidade garantida; e que agradecidos acabam por acolher, reconhecidos, ex-mandarins reciclados como reputados gestores. O pequeno fuhrer com este modelo polariza as responsabilidades da dívida para cerca de 10% da população; de permeio utiliza a desvalorização dos salários e das condições de trabalho no Estado, como exemplo incentivador dos capitalistas sem capitais e culturalmente indigentes[4]; a carga fiscal recai sobre a população trabalhadora e os reformados para não afetar empresários, historicamente avessos ao investimento criador de riqueza; tenta manter falsos empresários – sociedades unipessoais e empresários em nome pessoal para gerar uma ficção de classe média. O nosso pequeno fuhrer é matreiro e ancorou-se na opinião da OCDE e do FMI. Este último, em janeiro emitia esta fatwa; A massa salarial e as despesas com pensões representam 24% do PIB e 58% das despesas públicas antes de juros. Seria impossível alcançar as metas de redução de despesa sem alterações nestas duas áreas, devendo assim ser dada prioridade a reformas relevantes com elas relacionadas[5]. Portas traduziu para português e incorporou a ideia no seu Guião para dar a entender que é criativo e que Portugal até tem soberania. Como foi denunciado mas, com fraco interesse por parte da imprensa, até as atualizações do Memorando são cozinhadas nos computadores da troika, para assinatura pelo governo, numa clara manifestação de submissão e até de falta de dignidade pessoal. Algo pode correr mal nesta operação, sobretudo na parte respeitante ao Tribunal Constitucional, incapaz de se adaptar “aos tempos que correm”, como sugere o burro economicista Vítor Bento que disserta[6] sobre a alteração “do rácio entre o número de beneficiários do direito (de pensão) e o número de sujeitos à correspondente obrigação (de contribuição social)” sem atender à alteração do grau de capitalização das empresas ou da composição orgânica do capital, à existência de empresas sem trabalhadores mas, com formação de elevadas receitas e resultados e, sobretudo, à imensa sonegação de rendimentos produzidos pelo trabalho através de aumentos de produtividade que em nada beneficiam o trabalhador, quer no salário direto, quer no indireto. Mas essa temática é demasiado para ele entender pois… não é por acaso que se tornou conselheiro da bafienta figura acampada em Belém. Nesta linha se posiciona também Portas com “as medidas previstas no Memorando de Entendimento numa leitura dinâmica da lei fundamental, levando em conta a excepcionalidade do resgate” (pag 22) tal como esse vulto da vacuidade chamado Durão Barroso e o Ângelo Correia defraudado mentor do Passos, que defende um “estado de emergência nacional determinado por razões económico-financeiras” ou a Ferreira Leite, com a célebre proposta de “suspensão da democracia”. Na nossa opinião, pouco há que se possa suspender mas, percebe-se a intenção: o total domínio dos “mercados”, sem máscaras, nem floclore. Mais recentemente o ministro Aguiar-Branco e o intelectual orgânico do sistema, António Barreto referiram o “estado totalitário” sem terem percebido que o estavam a ver a imagem do seu próprio projeto político
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 13:06:05 +0000

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