A vida ensina... O pássaro e a estátua S o b e r b a, contemplava a estátua embevecidamente sua própria beleza, sua sublime condição, comodamente montada sobre seu magnificentíssimo cavalo azulão e seus vaidosos pensamentos, concentrados apenas na manutenção de suas “excepcionais” qualidades. Eis que chega o pássaro e pousa do seu lado, frágil, pequeno, ferido, com fome e frio, extrema inópia. Bestificado com monumental escultura, reverencia-se, e, desprovido de tão antagônica circunstância, roga por uma migalha de pão. Mas, a estátua e seus devaneios, incapaz de um gesto de humildade, pousa sobre o pássaro, um debochado olhar soberano, curvando levemente a testa e os lábios para baixo com ar de desprezo, com intenção de deveras menosprezá-lo. O infeliz coadjuvante, num gesto de desespero, aproxima-se um pouco mais, para que a estátua possa vê-lo melhor, para que possa ver sua benévola alma. Ainda assim, a estátua... ...continuava estatua. Com lágrimas nos olhos, o pequeno pássaro, ferido no corpo e na alma, voa para outra estátua, para quem sabe, conseguir seu sonhado auxílio. ... "O que realmente me incomoda nesta história, não é o tratamento mesquinho que o pássaro recebe da estátua, demonstrando comportamento hostil e desonroso, mas sim de quem se tratara, pois o pobre pássaro era um desafortunado "menino de rua", sem calor, sem comida, sem amor, sem nenhuma chance, e a miserável estátua sobre seu enorme cavalo, era eu, dentro de meu confortável automóvel." ... Aconteceu comigo quando morava em São Paulo. Naquela ocasião escrevi este texto, e tive certeza naquele momento, de que pelo resto de minha vida, lutaria pelas causas sociais. Hoje, atuo como Analista de Projetos Sociais no setor público. Não é incrível? João Marcelo dos Santos
Posted on: Sun, 22 Sep 2013 17:34:48 +0000
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