ARQUIVO DE MEMÓRIAS Por: Maria do Carmo Arena - TopicsExpress



          

ARQUIVO DE MEMÓRIAS Por: Maria do Carmo Arena Inauguração da Estrada de Ferro Mogyana Para a grande festa de inauguração da Estrada de Ferro Mogyana -Ramal de Cajuru- a Câmara Municipal designou os senhores Capitão José Ferreira Diniz – Prefeito de Cajuru na época – o Major Carlos Figueiredo, Major Firmino Manço e o Sr. Rafael De Vita, como membros da “Comissão de Festejos”. A inauguração foi marcada para o dia 08 de dezembro de 1912. O engenheiro responsável pela construção da ferrovia foi o Dr. José Pereira Rebouças, Inspetor Geral da Mogyana e filho de tradicional família paulistana, a quem eram dirigidos quase todos os pedidos relacionados à estrada de ferro. Um deles, por exemplo, foi o enviado pelo então Presidente da Câmara, Sr. José Cândido de Carvalho, onde manifestava o desejo de todos, “que o trem inaugural fosse comboiado pela locomotiva “Cajuru”, tendo como maquinista o empregado cajuruense, senhor José Peres e como pessoal do trem, os que trabalhavam nos setores D1 e D2 do ramal”. O primeiro Chefe de Estação foi o Sr. Urias Teixeira; o primeiro maquinista, citado acima, José Perez; o primeiro guarda-trens, Sr. Graciano Lisboa, que posteriormente, foi proprietário do Bar Coimbra em Campinas; primeiro conferente, João Jacinto de Souza; primeiro médico da Mogyana, Dr. Antonio Alarico dos Santos. Também solicitaram dois carros, sendo um de primeira classe, para transportar representantes do Governo do Estado e convidados oficiais e um de segunda classe para a Banda Policial, ambos os vagões ligados ao trem inaugural. O pacote de pedidos incluía também, passagem e frete grátis ao pessoal e pertences da “Rotisserie Sportsman”, sofisticada empresa contratada pela Câmara Municipal, para o fornecimento do Banquete de Inauguração, no Clube Renascença. O Senhor Nenê Tincani na década de 90, deu em minhas mãos, um presente raro para o Memorial: o Convite para o Banquete. É uma preciosidade! Vejam como foi requintado o cardápio: Canapé de Caviar, Potage Solferino, Garopa Sportsman, Vol-au-vent “Cajuru”, Filet de Marcassin St.Germain, Asperges sauce Hollandaise, Dinde à la Paulista, Bombe Pralinée, Gâteau Idéal, Fromages, Fruits, Café. Vinhos Madère, Niersteiner, Pontet-Canet, Pommard, Pommery,Cordon Rouge, Veuve Clicquot, Liqueurs e Cigares. Esse incrível banquete custou aos cofres públicos a exata quantia de 8:770$000 (oito contos, setecentos e setenta mil réis)! Aproximadamente, uns R$ 180,00 a 200,00 por pessoa. À Comissão de Festejos foram entregues 1:690$900 (um conto, seiscentos e noventa mil e novecentos réis) para despesas de viagem, frete e condução das compras feitas em São Paulo, para a grandiosa comemoração. Também se pagou ao Sr. Olávio de Figueiredo a quantia de 820$000 (oitocentos e vinte mil réis) pela construção de três coretos erguidos na Praça Floriano Peixoto para as festividades do dia (a Praça Floriano Peixoto é o nosso atual Largo São Bento, que naquele tempo ainda não tinha Coreto, pois o de hoje, só foi construído em 1925). Consta também no Livro de Correspondência, a deliberação da Câmara em designar o Exmo. Juiz de Direito de Cajuru, Dr. José Thiago de Siqueira, para um dos principais oradores da festa. Meu pai, o Zeca Arena, tinha na ocasião sete anos e meu tio Virgílio apenas cinco e sempre mantiveram intactas as lembranças desse dia! Um passo largo, imenso, em direção ao progresso para Cajuru e região. Meu avô, Domingos Arena está na fotografia da inauguração, tendo ao colo o meu tio Romeu. Viajei muitas vezes pela Mogyana e tenho guardadas as sensações da infância. O cheiro da fumaça, as fagulhas, as surpresas do novo... paradas nas estações, vendedores de todo tipo de bugigangas e novidades, o lanche farto e delicioso que a gente já queria comer assim que o trem partia...o apito alegre, as pessoas felizes, vestidas com toda elegância para sua viagem de trem! “Abrir estradas é unir povos e trazer progresso”. Essa máxima herdada de americanos e propagada aos quatro cantos do Brasil em tempos passados, custou a todos nós a extinção das estradas de ferro. Era preciso dar incentivo máximo à indústria automobilística! Que ironia! “No carregamento de um trem, cabem oitenta cargas de caminhão” dizia inconformado meu tio Virgílio! Em 1966, pouco depois da festa do Centenário de Cajuru, o nosso querido trem deu seu longo e último apito... O maquinista em sinal de adeus, foi apitando até a Estação da Itaóca. As famílias cajuruenses choraram nesse dia, como se chora a partida de um filho querido... Uma grande verdade Adélia Prado diz: “Um trem de ferro é uma coisa mecânica Mas atravessa a noite, a madrugada, o dia! Atravessou minha vida, Virou só sentimento...” Camo Arena
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 23:22:10 +0000

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