Amanhã, dia 18/08/13, em Curitiba além do "Concerto para violino - TopicsExpress



          

Amanhã, dia 18/08/13, em Curitiba além do "Concerto para violino em Ré maior, Op.77" de Brahms e da "Sinfonia nº.11 em Sol menor, Op.103" de Schostakovich com a OSP às 10: 30 da manhã no Teatro Guaíra, também tem o Quinteto de Brasília, às 18:30 no Sesc da Esquina tocando: Serenata a 5 (1968) de Edino Krieger Tambores, ondas, frevo (2002) de Wellington Gomes, para flauta e clarinete, executada na XV Bienal Paisagem sonora nº 5 (2004) de Rodrigo Lima, para fagote solo, executada na XVI Bienal Duo nº 1 (1976) de Mário Tavares, para flauta e fagote, executada na V Bienal Tocatta breve (1997) de Edino Krieger, para flauta solo Divertimento (1981) de Vieira Brandão, executada na IV Bienal I. Allegro moderato II. Andante sostenuto III. Allegro con moto Quinteto de sopros (1995) de Osvaldo Lacerda, executada na XI e XIII Bienal III. Quasi recitativo, um pouco à vontade IV. Vivo Embalos (1999) de Edino Krieger I. Balanço e breque II. Ser ou não seresta III. Choro canônico Local: Sesc da Esquina Endereço: Rua Visconde do Rio Branco, 931 Data: 18/08/13 Horário: 18:30 Telefone para informações: (41) 3304-2222 Por coincidência tudo um dia antes da II Bienal Música Hoje de Curitiba. Lamentações de Curitiba A palavra do Senhor contra a cidade de Curitiba no dia de sua visitação: Suave foi o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, diante de Curitiba escarmentada sob a pata dos anjos do Senhor como laranja azeda que não se pode comer de azeda que é. Ai, ai de Curitiba, o seu lugar não será achado daqui a uma hora. Gemerei por Curitiba, sim, apregoarei por toda a Curitiba a nuvem que vem pelo céu, o grito dos infantes a anuncia, porque o Senhor o disse. A chuva de ais inundara a terra sem subir ao céu, e no céu verão as costas do Senhor, e no céu sem lua nem sol a tampa descida do céu. No dia de suas aflições os vivos serão levados pelas mãos os mortos para a morte horrível. Da cidade não ficara um garfo, aqui uma panela, ali uma xícara quebrada, ninguém informará onde era o tumulo de Maria Bueno. O dia vira no meio do maior silencio - com um guincho. O que fugir do fogo não escapara da água, o que escapar da peste não fugira da espada, mas o que escapar do fogo, da água, da peste e da espada, esse não fugira de si mesmo e terá morte pior. O relógio na Praça Osório marca a hora parada do dia de sua visitação. Os abutres afiam seus bicos recurvos por causa do dia e que vem perto. Escorrera devagar o tempo como azeite derramado, eis a chaga da aproximação do dia. Cada um exibe na testa o estigma da besta, aqui há sabedoria. O pânico virá num baile de travestis no Operário, no meio do riso, o riso não será riso, diz o Senhor, as bicharocas desfilarão diante do espelho e não darão com sua imagem. Este é o povo que morreu de espada: cento e noventa mil e sete almas e mais uma, todas as almas perdidas numa hora e sem um só habitante. A estátua do Marechal de Ferro madrugara com os olhos na nuca para não ver. Os ipês na Praça Tiradentes sacolejarão os enforcados como roupa no arame. De assombro as damas alegres da Dinorá atearão fogo às vestes gritando nas janelas o fim dos tempos. No rio Belém serão tantos afogados que a cabeça de um encostara nos pés de outro, e onde a cachaça para mil e um velórios? Os ratos de rabinho satisfeito hão de roer todo o dinheiro do Banco de Curitiba. Para embainhar minha espada, diz o Senhor, os vinte e três necrófilos da cidade casarão em comunhão de bens com suas noivas desenterradas e vestidas de branco. A filha de meu povo será um pátio do Asilo Nossa Senhora da Luz com seus urros e maldições. Muitos correrão para debaixo da cama e cada um terá mais de uma morte: uma, a que escolher e a outra pela espada do Senhor, que já assobia no ar. O rio Barigui se tingirá de vermelho mais que o Eufrates. Um sino baterá no ouvido dos homens e lês se esborracharão feito caqui maduro. As filhas vaidosas de sua cidade suspirarão. Chorarão pedras de sangue dizendo: Não existe dor como a minha dor. Depois hão de chorar os próprios olhos com dois buracos na cara. Ai de ti, Curitiba, perece o teu povo e se quebranta meu coração, porque é o dia da visitação, o Senhor. Dos teus lembrequins de ouro, das tuas cem figurinhas de bala Zequinha, do teu bebedouro de pangarés, a gente perguntara: que fim levaram? Dá uivos, ó Rua XV, berra, ó Ponte Preta, uma espiga de milho debulhada é Curitiba: sabugo estéril. O terror arrombará as portas, os macaquinhos do Passeio Público destelharão casas, a cidade federá como a jaula de um chacal doente. Onde estão os leões de pedra que guardam as casas de teus grandes ricos e os tatus de rabo amarelo que guardam os teus medrosos leões? Maldito o dia em que filho de homem te habitou, o dia em que se disse nasceu uma cidade não seja lembrado, por que não foste sempre um deserto, e vez de cercada de muros e outra vez sem um só habitante? Ó Curitiba, Curitiba, Curitiba, estendes os braços perfumados de giesta pedindo tempo, quando não há tempo. Ó Curitiba, Curitiba, Curitiba, escuta o grito do Senhor feito um martelo que enterra os pregos. Teu próprio nome será um provérbio, uma maldição, uma vergonha eterna. Curitiba, o Senhor chamou o teu nome e como o de Faraó rei do Egito é apenas um som. A espada veio sobre Curitiba, e Curitiba foi, não é mais. Não tremas, ó cidadão de São José dos Pinhais, nem tu, pacato município de Colombo, a besta baterá vôo no degrau de tuas portas. Até aqui o juízo de Curitiba. (Dalton Trevisan, Mistérios de Curitiba, 1968)
Posted on: Sat, 17 Aug 2013 21:32:34 +0000

Trending Topics



Recently Viewed Topics




© 2015