Ao elaborar esta pesquisa sobre a aventura utópica de dançar em cadeira de rodas, o nosso desafio foi explicar, pelo modelo evolucionista, como corpos paralisados, deserotizados, pela magia da dança e pela solidariedade dos paresandantes e a cumplicidade das festas, vivem um processo de continuidade, onde os movimentos dos cadeirantes, dos andantes e das cadeiras de rodas integram-se em uma tríade coreográfica, metamorfoseando-se em imagens corporais que se movem na direção de sua própria libertação. Tornam-se outra coisa, uma outra pessoa que, ao ganhar asas, (re)assume o seu lugar em uma (con)fusão de cadeiras, rodas, movimentos, corpos, objetos dançantes. No palco da vida, esses atores vivificam a dança. Dentre tantas metamorfoses universais, buscamos compreender o que se passa com o cadeirante que dança, analisando-o pela metáfora da borboleta. Para Braga (2003), “a alma é uma borboleta. Há na vida, um tempo em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose: é preciso abandonar o que fomos para nos tornarmos uma outra coisa”. Toda metáfora contém em seu interior um poder de reversibilidade. Desse modo, os dois pólos de uma imagem metafórica podem desempenhar, alternadamente, os papéis reais ou idealizados. Com o poder da inversãofrases, assume um poder de mobilizar as imagens reais e materializá-las. Como Bachelard (1990) analisou, “toda metáfora é um mito em ponto pequeno” (p.38). A imaginação material servirá como mediação plástica que unirá imagens literárias e substâncias. Em outro momento de sua obra, defende “que no mundo verdadeiro dos sonhos, em que o vôo é um movimento unido e regular, a borboleta é um acidente irrisório – não voa, voeja. Suas asas demasiado belas, suas asas demasiado grandes as impedem de voar” (p. 67). Mas, também reconhecemos o valor dos escritos de Bachelard (1990), para quem a “asa, o atributo essencial da votalidade,é marca ideal de perseguição...
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 14:53:55 +0000
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