Ao pintar os olhos do boneco redondo e vermelho, o campeão bradou - TopicsExpress



          

Ao pintar os olhos do boneco redondo e vermelho, o campeão bradou com toda a sua ignorância inflamada: Obrigado pela sorte bonequinho japonês! No entanto, talvez por destino ou por acaso, um senhorzinho oriental que estava por perto lhe perguntou com certa dureza por que acreditava que aquele bonequinho japonês havia lhe dado à sorte para ser o campeão. E então, como que por um segundo, vimos que o grande artista marcial estava na lona, nocauteado com uma simples pergunta. Hoje o mundo das artes marciais é um celeiro interessante de poucos “Artistas Marciais” que realmente encontram um caminho de autoconhecimento e desenvolvimento humano através do controle da marcialidade. Estamos de frente com a promoção da agressividade descontrolada como forma de chegar ao sucesso sem ao menos saber o que isso pode significar. Primeiramente é importante entender que marcialidade é uma energia natural que os gregos exemplificavam na figura de seu Deus Marte. A guerra é um estado natural que pode ser vista na luta da semente com a terra em busca do germinar, e também na sobrevivência da cadeia alimentar, ou então, mais perto de nós, na agressividade normal de um bebê que luta contra o sono ou contra a dor da primeira dentição. Esta força que impulsiona o bebê pertence também à natureza humana, mas não deve ser o motor do “Ser Humano”. Um homem artista marcial é aquele consciente de que não é movido por seus instintos, mas sim, pelo seu caráter formado e disciplinado, que domina completamente a grande energia em função de um valor maior. Remonta de 3000 anos antes de Cristo, na Índia, os primeiros registros de uma arte voltada para vencer lutas interiores, monges com supremo conhecimento usavam de sua arte em serviços de causas nobres, numa prática chamada Vajramushty (Punho forte como raio, duro como diamante e nobre). Essa arte era restrita a templos e só teve sua expansão através do Tibete em torno de 520 quando monges budistas tibetanos levaram a sua religião para o leste em busca da China. Um monge Zen chamado Bodhidarma, ou Daruma Taishi (Como é conhecido no Japão) recriou essas artes ensinando a discípulos alguns movimentos extraídos de animais para ativar o Ch´I, que é a energia vital. Tais técnicas eram usadas após longas sessões de meditação e como se pode perceber não tinham funções guerreiras, mas sim, de controle das próprias funções internas. Esses monges que se abrigaram no templo Shao Lin na China incorporaram outras técnicas de combate para proteger o templo. Conta a história que Daruma comentou uma vez: “fazer guerra e matar não é bom, mas há que se estar preparado para se defender, não portando armas, faria de cada dedo uma adaga, de cada punho uma clava, de cada braço uma lança e de cada mão aberta uma espada.” Com o desaparecimento de Daruma os discípulos de Shao Lin, mantiveram por muito tempo seus ensinamentos e aprimoraram as técnicas de auto-defesa. Tal situação tornou o templo Shao Lin um lugar invejável e desejável a inimigos, saqueadores e também a muitos discípulos que buscavam a Grande honra de pertencer a esta “escola”. O treinamento era bastante árduo aos discípulos, que chegavam à tenra idade, levavam 15 anos de treinamento em artes de combate, filosofia e religiosidade. Conta-se que na prova final o neófito deveria comprovar conhecimentos filosóficos, vencer combates livres contra seus pares e enfrentar um corredor com 108 braços mecânicos que golpeavam com golpes de madeira e armas com lança. Ao fim o candidato precisava levantar e levar com o antebraço uma tina quente de 220kg onde a marca do tigre e do dragão era estampada pela queimadura. A deserção desse templo levou alguns discípulos a formar outras escolas, principalmente em okinawa onde o templo foi chamado de Shorim ji. As artes marciais filosóficas tiveram seu auge no Japão Feudal e foram empregadas pelos Bu Shi (Nobres militares) sob nome genérico de Bu Jutsu (Técnicas militares) mas que receberam seu sentido interno complementados pelo Zen de Daruma e passaram a chamar-se Budô (o caminho da cavalheria) e seus cultores BU SHI DÔ (O caminho do cavalheiro) Com a ocupação da Manchuria sobre a China, os templos originários, incluindo o Shao Lin foram refúgios de oficiais da dinastia Ming, que escondidos como falsos monges escapavam dos Manchús. Mas estes falsos monges foram dedurados e os Manchus queimaram todos os templos pela china restando apenas um último na ilha de okinawa. Os nobres okinawanos foram submetidos a rigorosos treinamentos para defender a ilha, mas esses treinamentos deixavam de lado a parte espiritual priorizando apenas o exercício corpóreo, chamado de Kempô na China e Karatê no Japão. Mas já era uma arte marcial puramente externa. Somente em 1923, Nagashigi Hanagi resgatou o sentido mais profundo do Karatê, anexando a palavra Dô que significa “caminho” transformando ele novamente em uma via espiritual de busca à sabedoria. No Japão outras artes foram também resgatadas como fez Jigoro Kano com uma técnica de combate de mais de 2000 anos o Jiu Jitsu. Ele usou os movimento para disseminar uma metodologia de ensino de robustecimento moral e conquista da sabedoria, que foi chamado de Judô, ou então por Morihei Ueshiba com o Ai ki dô (O Caminho da Canalização do KI) que veio do Aiki Jiu Jitsu Dô é a via do conhecimento filosófico ensinado por Bodhidarma ou Daruma, aquele bonequinho japonês vermelho que dizem dar sorte e que é representado por um monge sentado e que, quando empurrado volta à posição original. Uma clara simbologia ao famoso dito japonês “se cair 7 vezes, levante 8” A sorte de um artista marcial não está então na sua conquista como campeão de luta, mas sim, na oportunidade de encontrar através de sua arte uma via filosófica que o ensine a controlar a sua natureza marcial, transformando-o em um verdadeiro Monge guerreiro.
Posted on: Mon, 16 Sep 2013 13:02:46 +0000

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