Apaixonada por animais, Gisela Tacao nunca se importou em se - TopicsExpress



          

Apaixonada por animais, Gisela Tacao nunca se importou em se submeter a alguns sacrifícios em nomes deste amor. Durante meses, ela tomou banho de mangueira fria e, só quando dava, dirigia 20 minutos até a marina pública de South Beach para uma ducha completa. O galpão que alugou há um ano e meio para manter os animais não tinha chuveiro até pouco tempo atrás. “Sempre amei animais”, conta a brasileira, que até porco já levou para casa da família em Niterói quando era criança. Gisela Tacao no seu abrigo em Miami, cercada de seus mais de 200 melhores amigos. Os anos se passaram, mas a paixão de Gisela não. Morando há 17 anos nos Estados Unidos, Gigi, como é conhecida, não leva mais porcos para casa, mas salva todos os animais de estimação que pode, não só das ruas mas também de outros abrigos prestes a sacrificá-los por velhice, deficiência e, às vezes, para abrir espaço para entrar outros aparentemente mais aptos a uma rápida adoção. “Eu prefiro salvar os que ninguém quer”, diz ela. E sempre foi assim. “Quando era pequena, vi um garoto batendo num cachorro na rua”, disse. “Tomou um tapão meu. Sempre defendi animais de rua. Faz parte da minha personalidade”. Mas quando chegou na Flórida, com um noivo brasileiro que veio terminar os estudos na Universidade de Miami, tentou a vida como muita gente: trabalhou em restaurantes, como corretora de imóveis, frequentou academia de ginástica e chegou até a fazer um curso na academia de polícia de Miami Beach, por gostar muito de armas de fogo – e justiça, acima de tudo. Mas por mais que gostasse do que fazia, nada se comparava ao amor pelos animais. Gigi patinava frequentemente em South Beach com, no mínimo, sete cachorros – seus cãezinhos de estimação – todos soltos e obedientes. Mas, sempre se comovia com os cães abandonados e acabava levando para casa todos os que encontrava sem destino. Mas legalmente não se pode ter mais do que quatro cachorros num lar e começou a receber muitas reclamações dos vizinhos. Para evitar dor de cabeça, se mudou para um lugar mais afastado. Quando percebeu, já tinha 54 animais sob seus cuidados. Desta vez, as queixas dos vizinhos levaram a uma denúncia oficial. Mas quando os oficiais de serviços de animais bateram em sua porta, ficaram surpresos que ela conhecia o nome de cada um e sua história. E para deixá-los ainda mais impressionados, todos os animais estavam de casacos, alguns até de camiseta por baixo, já que o inverno naquele ano em Miami, por incrível que pareça – estava rigoroso. Apesar de tudo isto, o que Gigi estava fazendo era ilegal e ela tinha duas alternativas: abandonar os animais no abrigo da cidade ou procurar um lugar que pudesse mantê-los todos oficialmente, ou seja, fundar um abrigo. Voluntária alimentando os animais, que educadamente esperam sua vez. E essa foi sua decisão. Mas não bastava ser mais um abrigo de animais. Gigi tinha um objetivo muito preciso: criar uma casa de repouso onde animais idosos, deficientes e com doenças terminais pudessem viver em paz seus últimos dias, semanas ou meses de vida – um “lar” para cães e gatos morrerem cercados de carinho, cuidado e muito amor. E aos poucos, ela está conseguindo realizar seu sonho. Quase toda manhã, seu dia começa com um telefonema do abrigo da cidade que está prestes a sacrificar um animal. Ela corre para salvá-lo e traz para seu galpão. O animalzinho às vezes dura poucas horas – mas no meio de outros órfãos, latindo e brincando, tem momentos felizes. “Não tem luxo, caminhas cor-de-rosa – mas são bem cuidados”, diz a rainha dos animais carentes de Miami, que, com 38 anos, praticamente abdicou de sua vida para cuidar do seu canil em Hialeah, numa parte industrial da cidade. Gigi tem muita fé em Deus e diz que essa é sua missão. Conta que quando veio para Miami não tinha noção que este seria o seu caminho. No Brasil, ela tinha tudo: pais empresários, duas irmãs, uma casa bonita, empregados, carro, moto e sempre um churrasquinho no fim de semana. Mas faltava algo, não estava satisfeita. “Li num livro espírita que quando você não sabe o que fazer de sua vida, deixa que Deus vai te dar uma luz”. E assim foi. Um dia, preencheu, sem muita fé, a loteria do Green Card, que daria direito a residência definitiva nos Estados Unidos. Colocou a carta no correio e pediu que se fosse para ela permanecer aqui que Deus lhe desse um sinal. Logo depois, sua mãe receberia em Niterói uma carta confirmando que Gisela havia sido sorteada. Por coincidência, foi no dia que saiu o divórcio do homem com quem chegou noiva em Miami, e se casou aqui. Teve outros relacionamentos, mas ainda não encontrou um companheiro que a entendesse como ela compreende seus tantos animais – cada um com sua individualidade e problemas. Mas ela não desiste: “Tinha uma voz dentro de mim que dizia, aqui que você vai conseguir alguma coisa”, conta. Gigi com Gordita, a primeira Chihuahua que tirou da rua E é essa voz que lhe dá esperança de encontrar as duas coisas que faltam na sua vida: um grande amor para compartilhar sua paixão pelos animais e dinheiro para realizar seu maior sonho, que é transformar seu galpão num castelo de amor e compaixão – uma casa de repouso – com todo conforto, limpeza e cuidado — para os animais abandonados e idosos. Hoje, com muita fé, Gisela joga na loteria toda semana e pede a Deus por um milagre, ou um anjo que traga condições dela continuar seguindo em frente com sua missão.
Posted on: Tue, 03 Sep 2013 12:43:19 +0000

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