CAPÍTULO V – AS GRAÇAS: TIPO E ATRIBUTOS DAS GRAÇAS: Nos - TopicsExpress



          

CAPÍTULO V – AS GRAÇAS: TIPO E ATRIBUTOS DAS GRAÇAS: Nos monumentos da arte primitiva, as Graças estavam sempre vestidas, e nós as vemos sob tal aspecto num dos baixos-relevos do altar dos doze deuses no Louvre. O grupo apresenta um caráter que não foi adotado pela arte dos tempos posteriores. Estão todas de frente e tocam as mãos sem enlaçar os braços. Vemos também as graças vestidas, numa medalha da época romana. “Apesar de todas as minhas buscas, diz Pausânias, não pude descobrir quem foi o primeiro escultor ou o primeiro pintor que teve a ideia de representar as Graças inteiramente nuas. Em todos os monumentos da antiguidade as Graças estão vestidas. Não sei por que os pintores e escultores que vieram posteriormente mudaram esse modo, pois hoje, e há muito, tanto uns como outros representam as Graças inteiramente nuas”. (Pausânias). Sabemos que as Graças esculpidas por Sócrates estavam vestidas, assim como as que Apeles pintara. É provável, portanto, que foi somente depois, em seguida ao domínio macedônio, que se introduziu o uso de as despojar de vestes. O famoso grupo antigo das três Graças, que se encontrava na catedral de Siena, foi transportado para o museu desta cidade. Foi nesse grupo que se inspirou Rafael, no primeiro quadro pagão que pintou. De resto existem diversas variantes de tal grupo, e o museu do Louvre possui uma belíssima cópia. Tornamos a ver ainda as três Graças em Pompéia. Rubens e muitos pintores dos últimos séculos houveram por bem reproduzir as Graças na sua postura tradicional. Canova, Thorwaldsen e Pradier também as esculpiram, sendo o grupo de Thorwaldesen o mais famoso. Entre as obras dos últimos séculos, a obra-prima de Germain Pilon, no Louvre, é a única em que as Graças estão vestidas, e é por isso que elas foram confundidas com as três virtudes teologais, mas no pensamento do artista exprimiam realmente as Graças. O agrupamento costas com costas não se vê na antiguidade. Embora as Graças sejam interpretadas geralmente no sentido de benefícios, personificam tudo quanto constitui o encanto da vida; o seu título que estão incumbidas do atavio de Vênus. Vemo-las frequentemente ligadas a essa deusa, ou colocadas ao lado do Amor. A própria filosofia julgava precisar das Graças para não ser árida e repulsiva. Platão aconselhava a Xenócrates sacrificar às Graças. Essas divindades desempenham assim, múltiplas funções. Tomadas num sentido puramente físico, o século dezoito desnaturou a concepção primitiva dos gregos. Com efeito, o nome de graça significa ao mesmo tempo benefício e elegância, e os antigos sempre o compreenderam nos dois sentidos. Os artistas dos últimos séculos negligenciaram o primeiro para ater-e exclusivamente ao segundo, ao qual convém regressemos, se quisermos compreender o sentido de certos monumentos antigos. Assim, num baixo-relevo antigo do Vaticano, vemos um enfermo agradecer a Esculápio graças que por este lhe foram concedidas. As Graças estão na postura habitual ao lado do deus da medicina. Por análogo motivo, as Graças se prendem às vezes, a Apolo, que antes de seu filho Esculápio, presidia as curas. Uma pedra gravada nos mostra as três irmãs, postas na mão direita de uma personagem de estilo arcaico, que julgamos imitação de uma velha estátua de Apolo em Delos. Tendo os atenienses socorrido os habitantes do Quersoneso, estes, para eternizarem a recordação de tal benefício, elevaram um altar com a seguinte inscrição: Altar consagrado às Graças, por serem elas que presidiam ao reconhecimento. Os espartanos, antes do combate, costumavam oferecer sacrifícios às Graças, e se o culto delas era tão difundido na Grécia, é porque era tomado no sentido de graça concedida. Tinham as graças frequentemente templos em comum com outras divindades. Eram invocadas no começo do repasto para presidirem à doce alegria e à harmonia das festas. Segundo Píndaro, nunca faltavam nos coros e nos festins dos imortais, donde a presença delas expulsa os cuidados e os pesares. Finalmente, têm por missão proporcionar aos deuses e aos homens tudo quanto torna a vida feliz. Num vidro antigo, pintado, vemos as três Graças nuas, de braços entrelaçados. Usam braceletes, e há flores no chão que elas pisam. São evidentemente as Graças, mas a inscrição lhes dá nomes especiais e significativos: Gelasia (doce sorriso), Lecori (beleza brilhante) e Comasia (alegre conviva). É claro que houve a intenção de representar o que constitui o encanto de um banquete, a alegria, a beleza, a amabilidade. O número das Graças varia na mitologia. Certas regiões admitiam apenas duas, mas os monumentos da arte apresentam quase sempre três. Segundo a tradição mais difundida, são filhas de Júpiter e Eurinoma, e os seus nomes variam; mas geralmente se chamam Pasitéia, Caris e Aglaé. As Graças se entrelaçam para indicar os serviços mútuos e o auxilio fraternal que os homens devem uns aos outros. São jovens porque a lembrança de um benefício não pode envelhecer. O símbolo dessas três irmãs inseparáveis exprimia a ideia de serviços prestados, e o papel delas era presidir ao reconhecimento. AQUI TERMINA O SEGUNDO LIVRO, EM BREVE TEREMOS O TERCEIRO E ÚLTIMO DA COLEÇÃO.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 19:00:57 +0000

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