CARTA ABERTA AO DIRECTOR DO MUSEU DO PRADO. Excelentíssimo Senhor Director do Museu do Prado, Professor Miguel Zugaza. No ano de 2006 revelámos o aparecimento em Portugal de uma pintura a óleo sobre tela que sugerimos tratar-se do esboço para o retrato pintado por Diego Velázquez e 1625, Filipe IV equestre. Consultado o Instituto Andaluz del Património Histórico, enviámos toda a documentação então recolhida para o Gabinete Técnico do Museu do Prado, ao cuidado da Professora Cármen Garrido, por sugestão do Director do IAPH. A documentação então já por nós produzida era muito exaustiva, podendo dizer que poucas pinturas de Velazquez se encontravam tão exaustivamente documentadas. Consistia em. Radiografia digital de alta resolução, realizada no Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa pelo Professor Stephan Schafer. Estratigrafias e análise de pigmentos e suporte relalizados no Instituto José de Figueiredo, Lisboa, Pela Engenheira Isabel Ribeiro. Repertório fotográfico, incluindo varrimento com UV, realizado pelo técnico Manuel José da Palma, Instituto José de Figueiredo. Registo fotográfico com exposição a raios Infra Vermelhos realizado no Instituto José de Figueiredo pela Engenheira Isabel Ribeiro. Após sucessivas diligências junto da Professora Cármen Garrido e não obtendo resposta, desloquei-me a Madrid em Agosto de 2007, para comentar pessoalmente a documentação. Poderia ter-me feito acompanhar pela pintura, uma vez que para o efeito tinha autorização do Instituto Português de Museus. A Professora Cármen Garrido demoveu-me, alegando o risco de transporte de quadro tão valioso. Encontrei-me então com a Professora Cármen Garrido, que teve a amabilidade de me receber na sua residência, embora o encontro estivesse marcado para o Gabinete Técnico do Museu do Prado. Inesperadamente, a Professora Cármen Garrido não tinha levantado no Gabinete Técnico a documentação que lhe enviara. Pôde ver uma cópia impressa de alta resolução da radiografia que levava comigo. Impressionada com a radiografia, concluiu então que se tratava de uma cópia do Século XIX, o que resultava, como constatará, numa absurda contradição com a documentação produzida. Manifestou todavia interesse em ver a pintura. Pelo que se agendou a observação directa no Porto no mês de Outubro seguinte. Cármen Garrido observou então a pintura em Outubro de 2007, tendo manifestado, aparentemente sem admitir contestação, tratar-se de uma cópia, não explicou de quê, do Século XVII ou XVIII. Mesmo depois de confrontada com o facto de os dados técnicos recolhidos não suportarem uma hesitação cronológica tão óbvia, fez questão de alegar, cito, ‘’os que os meus olhos vêem não pode ser contestado pela documentação’’. Confessou não ter ainda tido tempo para observar qualquer documento. A pintura foi sujeita a rigorosos trabalhos de limpeza e conservação, encontrando-se actualmente com a apresentação registada nas fotos que anexo. Do facto e das imagens já foi dado conhecimento à Professora Carmen Garrido, que não se dignou assinalar a sua recepção. Assim sendo, Caro Senhor, os proprietários da pintura resolveram apresentá-la publicamente para venda, como ‘’Retrato de Filipe IV a Cavalo, pintura a óleo sobre tela, esboço para o retrato de 1625, por Diego da Silva Velázquez. Espero, com toda a sinceridade, que o Museu do Prado, ou qualquer dos seus técnicos, enquanto tal, não conteste agora a atribuição, mobilizando impeditivos legais, como se tornou costume, sem uma alegação pelo menos tão rigorosa quanto a documentação que produzimos. Com os meus cumprimentos. Coimbra, 21 de Julho de 2013. Manuel Maria Guimarães de Castro Nunes.
Posted on: Sun, 21 Jul 2013 18:20:50 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015