CRÔNICA DE SÁBADO: Eu não amo o Facebook, mas me rendo, Mr. - TopicsExpress



          

CRÔNICA DE SÁBADO: Eu não amo o Facebook, mas me rendo, Mr. Zuckerberg OK, você venceu, Mr. Zuckerberg. Eu não morro de amores pelo seu Facebook, e vou lhe dizer por que, mas assino aqui minha rendição. Fui uma das últimas a aderir ao Orkut e entrei em pânico quando pessoas que eu não conhecia começaram a me mandar convites para ser amiga. Meu conceito de amigo é arcaico: pessoas com quem eu posso contar no mundo real, abraçar, conversar olho no olho. Lá nos escombros do Orkut ainda deve ser possível encontrar na minha conta algumas fotos do Japão e pouca coisa mais. Meus filhos e amigos migraram para o Facebook e eu achei que poderia continuar vivendo com o e-mail, o Twitter, o blog, a coluna em Zero Hora, o programa na rádio Gaúcha e o comentário na TVCOM. Mas o mundo exige mais e tenho os equipamentos indispensáveis para, se for o caso, ficar conectada 24 horas por dia. A Bárbara Nickel, que sabe tudo de redes sociais, tentou me convencer com bons argumentos de que era impossível viver no século 21 sem uma conta no Facebook. Resisti com a justificativa de que não tinha tempo para mais um Tamagochi (alguém aqui não conhece um Tamagochi?) e que se eu não conseguiria interagir com esses amigos virtuais seria melhor não tê-los. A incansável Bárbara me ofereceu uma possibilidade tentadora: uma página, como as que as pessoas muito ocupadas têm, mas para administrá-la eu precisaria ter também uma conta comum. Criamos as páginas e elas passaram mais de um ano mofando na minha indecisão sobre como dividir os cocos entre o Facebook, o blog, a coluna, o Twitter e a minha grande paixão nas redes sociais, o Instagram. Confesso aqui que quando penso em publicar uma informação no Facebook tenho a sensação de estar traindo os leitores que assinam ou compram Zero Hora na banca. Minha ideia original de tratar de assuntos profissionais na página e ter apenas amigos e parentes no meu perfil pessoal começou a ruir quando pipocaram os convites para ser amigo de algum dos meus amigos, parentes e colegas de trabalho. Acho indelicado rejeitar e temo frustrar esses novos amigos, porque no perfil pessoal eu praticamente não posto nada. Tudo o que se vê ali são as fotos duplicadas do Instagram _ e que não são fotos jornalísticas. São fotos das minhas plantas, dos cachorros, de paisagens, de detalhes que valem pela cor ou pela forma, de retalhos de viagem. Minha bronca com o Facebook começa pelo nickname: detesto ouvir feice. Continua pela poluição da página, com aqueles anúncios que se infiltram entre as fotos e textos e, pior, pelas notificações das coisas que meus poucos amigos curtiram _ uma garrafa de Coca-Cola, uma loja de lençóis, uma coisa qualquer que não me interessa saber. Me ensinaram que basta eliminar a opção Mostrar no Feed de notícias e não ficarei sabendo do que as pessoas curtiram. É fato, mas se eu eliminar, estarei matando metade do sentido de interação. Me chateia também saber que o Facebook inventa que eu curti um hotel ou uma loja que não passei nem perto _ a pé, de carro ou com o mouse. Quase todos os meus amigos estão no Facebook. E quando eu entro vejo que a luzinha verde dos poucos da minha lista está acesa, sinal de que estão conectados. Mas, como nem sempre olho, as mensagens se acumulam e aumentam minha sensação de estar sendo relapsa com pessoas queridas. Disse que me rendi porque decidi alimentar meu Tamagochi: na página, que qualquer um pode acessar sem ser meu amigo, publicarei textos e fotos que me parecerem relevantes. Ainda não capitulei totalmente a ponto de liberar o perfil pessoal, porque não quero frustrar os leitores com a irrelevância das minhas participações. Talvez daqui a alguns dias eu repense e aceite todos os convites congelados, mas ainda não estou preparada para isso. Vai aqui o mapa dos meus endereços no mundo virtual, sem garantia de que eu consiga interagir como gostaria: E-mail: [email protected] Blog: zerohora/blogdarosane (blog não deixa de ser uma rede...) Facebook: facebook/rosanejornalista Twitter: twitter/rosaneoliveira Instagram: instagram/rosanedeoliveira Mesmo com todos esses endereços, metade de mim ainda é analógica: não tenho fissura por vídeos, nunca troquei as fotos dos meus perfis, gosto de um bom livro impresso, tenho assinaturas digitais mas adoro um jornal de papel e sou apaixonada por bons textos. Se você chegou até aqui é porque temos alguma coisa em comum. Será que somos uma espécie em extinção?
Posted on: Sat, 02 Nov 2013 02:07:38 +0000

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