Candido Manuel Ferreira Naturalmente... Quase todos os dias - TopicsExpress



          

Candido Manuel Ferreira Naturalmente... Quase todos os dias recebemos ecos de que o “senhor ministro”, ou um simples “senhor director-geral”, adquiriu uma, cinco… dez viaturas de luxo, numa ostentação de novo-riquismo que só pode indignar o contribuinte, obrigado a contar os tostões para manter a sua carripana pessoal. É claro que a responsabilidade vai inteirinha para uma “classe política” bacoca e ordinária, que nem sequer pode ser legalmente confrontada com os seus crimes. Mas, contou-me um amigo meu, o regabofe assenta logo na base. Vigora entre os motoristas uma hierarquia, onde o popó marca a diferença. É assim que os “topes de carreira” digerem os “topes de gama”, enquanto a arraia-miúda dirige os “calhambeques”. Hierarquia rígida, que se mantém, mesmo quando os governos caem e baralham as contas. Que importa que A ou B suba ou desça no ministério, se o popó se mantém, porque afectado ao condutor e não à função? Ora acontece que os motoristas, que passam os dias encostados às portas de ministérios e eventos, têm natural “brio profissional” e, naturalmente, hão-de querer “subir de posto”: - Senhor Ministro, já viu que fulano tem um carro melhor que o seu? Argumento de peso, que não resiste a uma questão singela: Qual o político que ousa apropriar-se do popó de um subordinado? E assim se toma, naturalmente, a decisão de adquirir o último modelo. Decisão que, também “naturalmente”, vai causar natural fru-fru. Como pode um pindérico, que acabou de chegar ao ministério, pavonear-se num carro melhor que o dos demais? Rebelião nas hostes, é então que entra a sabedoria: - Senhor fulano, o carro está a dar o berro. - Mas ainda só tem dois anos… - Já veio com defeitos de fábrica, passa o tempo na oficina e está fora da garantia. O conserto custa um dinheirão. O melhor é trocá-lo… Bem vistas as coisas, e para evitar danos colaterais, o melhor mesmo é comprar uma frota, porque à dúzia é mais barato. Decisão politicamente correcta, mas que, naturalmente, torna a baralhar as hierarquias: - Senhor ministro, já viu que toda a gente tem um carro melhor que o seu… - Ó diabo! Ainda não tinha reparado... Cândido Ferreira
Posted on: Wed, 23 Oct 2013 07:50:53 +0000

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