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Caros Amigos Quero dar-vos conhecimento do texto que acabei de colocar no Facebook na página da Presidência da República. Não sei se consegui confessar todas as minhas culpas mas são as que a minha pesada consciência foi capaz de evidenciar. Um abraço para todos Pedro Gonçalves -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Senhor Presidente Tenho acompanhado, compungido, as diatribes contra os elevados encargos do Estado com as prestações sociais, os vencimentos dos funcionários públicos, as pensões dos aposentados, etc. etc. A qualidade dos críticos impõe-me uma reverente aceitação das suas teses e a admissão de que estou entre os culpados pelo esbanjar dos dinheiros públicos e pelo estado de penúria do país. Eu pensava diferente mas eles são instruídos e poderosos e fazem-me sentir um pobre ignorante. Assim, impõe-me a consciência que faça “mea culpa” e exponha publicamente a minha condição de faltoso para com o País e me dirija a V.Exª confessando que: - Sou culpado por ser aposentado da função pública; - Sou culpado por ser pouco letrado, devido a falta condições familiares para continuar estudos; - Sou culpado por ter iniciado uma vida de trabalho, dura, aos 11 anos; - Sou culpado por ter servido o país durante seis anos nas Forças Armadas; - Sou culpado por ter trabalhado (e descontado) durante 48 anos para o Estado e entidades privadas; - Sou culpado por ter laborado arduamente para criar e educar três filhos e ter recebido abono de família para o efeito; - Sou culpado por ser rico actualmente, recebendo de pensão um pouco mais de mil euros: - Sou culpado por pensar que já tinha cumprido a minha dose de austeridade ao longo da vida e que agora merecia gozar o resto dos anos tranquilamente com os recursos de que dispunha; - Sou culpado por pensar que políticos sem sensibilidade são os responsáveis pelas lágrimas de tantas famílias que vivendo (?) miseravelmente com pouco mais de 600 euros são ainda alvo de cortes nos seus parcos recursos; Sou culpado por detestar a política causadora da angústia dos milhares de desempregados e pelo desespero dos jovens sem futuro; - Sou culpado por defender que um país se devia orgulhar do aumento de esperança de vida dos seus cidadãos, da elevação do nível de escolaridade, dos cuidados de saúde dispensados sobretudo aos mais carenciados; -Sou culpado por pensar que as funções mais nobres e fundamentais onde o Estado deve gastar o dinheiro são exactamente aquelas que os gurus da austeridade diabolizam e cortam sem dó nem piedade; -Sou culpado por pensar que as pessoas são mais importantes do que os submarinos, swaps e PPP; -Sou culpado por criticar aqueles que nos iludiram com promessas de riqueza fácil para todos, graças aos dinheiros da Europa, enquanto se enredaram em negociatas favoráveis a alguns e, em última análise, garantiram para si próprio um futuro desafogado; -Sou culpado por julgar a Banca responsável pelo endividamento de tantos, aliciados por ofertas de crédito fácil, e a quem depois estrangula sem piedade; - Sou culpado por criticar a benevolência do Estado para com os bancos a quem estende a mão protectora e abre a bolsa generosa; - Sou culpado por admitir que o Estado devia gastar menos em viaturas de luxo, dispendiosas, em mordomias exageradas para políticos e ex-políticos e que se devia pautar pela mais rigorosa parcimónia na utilização dos bens públicos; - Sou culpado por achar que não precisamos de uma Assembleia da República com tantos deputados que, na maioria, só lá estão para levantar o braço às ordens do partido; - Sou culpado por não acreditar na pretensa elite dirigente que é incapaz de fazer um inventário rigoroso das potencialidades do país e traçar um plano de desenvolvimento coerente e participado que tire a nação da miséria em que vive, sem ilusões de enriquecimento fácil, mas que se dirija mais aos cidadãos do que às estruturas; - Sou culpado pela tentação de desistir de pensar, de desistir de respeitar as instituições, de desistir de votar. - Sou culpado por pensar que o Presidente da República deveria estar mais próximo dos cidadãos por quem é eleito, directamente, e menos dos políticos de carreira que estão destruindo os haveres e o ânimo dos portugueses; -Sou culpado pela minha situação de aposentado da Função Pública; -Sou culpado por ter 80 anos e estar vivo. -------------------------------------------------------
Posted on: Thu, 24 Oct 2013 11:44:09 +0000

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