Caros abaixo segue cópia de email de um colega, Olavo Amaral, professor do meu Instituto, que estudou no rio Grande do Sul. O Hospital Universitário de lá. o HCPA é um dos melhores hospitais Universitários do país e considerado modelo de administração. Ele funciona como empresa pública desde longa data e seu modelo de funcionamento inspirou a proposta da EBESERH. Essa proposta, tem sido alvo de críticas que considero desinformadas/equivocadas (ou mal-intencionadas, em alguns casos visando a desinformação), alegando que seria uma forma de privatização da saúde e da educação. Posso adicionar vários argumentos, mas os fatos, espelhados no depoimento sincero de quem estudou por anos na UFRGS talvez soem mais eloquentes. Parabens, Olavo, pela clareza! segue o email dele, com links informativos no final. Caros, Venho acompanhando meio de fora o debate sobre a EBSERH, mas agora que a questão tem vindo à tona mais frequentemente e a necessidade de um posicionamento oficial por parte dos docentes se faz necessária, achei que deveria me manifestar com um depoimento pessoal que talvez seja pertinente. Tendo estudado na UFRGS, fiz toda a minha formação médica em uma empresa pública – o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), amplamente tido como o modelo para a concepção inicial da EBSERH. Isso incluiu todo o ciclo clínico do curso de graduação em Medicina, mais três anos de residência médica, além de diversas experiências de pesquisa clínica ao longo deste período. Em nenhum momento durante esse percurso de quase dez anos, estar dentro de um hospital gerido como empresa pública representou qualquer empecilho à minha formação enquanto aluno e médico. E nunca ninguém ouvi ninguém na UFRGS reclamar que o estatuto legal do hospital feria a autonomia universitária – pelo contrário, o hospital é visto não só como parte integrante da universidade e da Faculdade de Medicina, mas como seu maior cartão de visitas. A maior prova disso, a meu ver, é que em 9 anos lá dentro eu sequer soube que o hospital era uma empresa pública de direito privado. É verdade que não estava muito preocupado com esse tipo de questão na época (só fui ler o estatuto do hospital às custas do debate sobre a EBSERH), mas minha impressão sempre foi estar em um ambiente a serviço da saúde e educação públicas, cujas direções sempre foram definidas pelos docentes da UFRGS, que invariavelmente ocupam os cargos mais importantes dentro da Administração Central e do Conselho Diretor. Apesar do atendimento ao SUS representar cerca de 90% dos pacientes internados e 100% das consultas ambulatoriais, uma pequena parcela de pacientes privados também é atendida. Parte do lucro com os atendimentos reverte para a fundação de pesquisa, que financia ativamente todos os projetos de pesquisa aprovados dentro do hospital. A questão dos pacientes privados não deverá ser uma questão com a EBSERH, cuja lei de criação define explicitamente que o atendimento providenciado será integralmente dedicado ao SUS, ao contrário do que a publicidade extremamente distorcida feita contra a empresa tem sugerido. De qualquer forma, isso também nunca foi um empecilho à minha formação dentro do hospital. Pra quem porventura não saiba, o HCPA é hoje muito provavelmente o melhor hospital-escola do Brasil, e uma das melhoras instituições de pesquisa clínica no país, sendo sede de 4 INCTs do CNPq. E não só sempre foi a maior referência em atendimento terciário em saúde pública no Rio Grande de Sul, como está ativamente expandindo sua estrutura - apenas nos últimos 10 anos, inaugurou um centro de atenção primária em saúde, um prédio anexo para pesquisa básica (com inúmeros laboratórios, biotério e diversos serviços multiusuário), um para pesquisa clínica, e tem mais uma expansão voltada à pesquisa já projetada. É sempre importante ressaltar que essa prosperidade aconteceu dentro da mesma conjuntura nacional que a decadência evidente da infraestrutura do nosso HU – fiz minha faculdade durante os governos Fernando Henrique, minha residência durante o governo Lula e o hospital segue se expandindo no atual governo. Então o argumento de que nosso problema se resume à “falta de investimentos do governo” me parece bastante enviesado. Existem sim formas melhores de fazer gestão do que as que vêm sendo historicamente utilizadas no HU (e na UFRJ), e estar cegamente contrários a mudanças por razões ideológicas e/ou sindicais me parece completamente contrário aos interesses da universidade, e de um corpo de alunos que depende de instituições de saúde geridas adequadamente para sua formação. Concordo que a questão da EBSERH é complexa, e depende de um contrato bem construído para garantir a manutenção da autonomia da UFRJ em decidir os rumos do HU. Mas achei que deveria colocar esse depoimento pessoal para que vocês considerem os exemplos existentes de sucesso administrativo com modelos de gestão semelhante. Por fim, faço um apelo a todos para que informem-se sobre o tema isentamente antes de se posicionarem a respeito (ler a lei que rege o funcionamento da EBSERH leva não mais do que dez minutos), e não se deixem levar pela onda de publicidade absolutamente distorcida que tem sido realizada sobre o tema. Um abraço, Olavo Links úteis: Lei de criação da EBSERH: planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12550.htm Site do HCPA: hcpa.ufrgs.br/
Posted on: Fri, 07 Jun 2013 01:25:09 +0000
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