Carta aberta à presidente Dilma Rousseff Por um longo tempo, - TopicsExpress



          

Carta aberta à presidente Dilma Rousseff Por um longo tempo, afastei-me da profissão de médico para me dedicar ao trabalho de gestor público. Acreditava poder assim prestar mais serviços à minha comunidade. Durante aquele período, nossa cidade de Ibiá, no Triângulo Mineiro, conseguiu reduzir rapidamente seus índices de mortalidade infantil de 26 para seis por mil (número equivalente aos padrões da Noruega e de Cuba). Conseguimos esse avanço apesar do reduzido investimento do Governo Federal (Fernando Henrique) na área, além da retenção de vultosos recursos obrigatórios pelo Governo Estadual (Aécio Neves). Além disso, efetiva atuação do Programa Saúde da Família diminuiu de modo significativo o índice de hospitalização; e a incidência de cáries dentárias entre estudantes ficou abaixo daquela indicada como meta pela OMS. O acesso barato do trabalhador a uma alimentação saudável era garantida por um restaurante popular – o terceiro montado em todo o país. Hoje retornei à atividade de médico e trabalho num estado no qual os serviços públicos, na sua maior parte, são muito precários: água tratada é coisa rara, o saneamento básico atende apenas a uma parcela mínima da população, a verminose é endêmica, as ações básicas de saúde são quase inacessíveis, é alta a mortalidade infantil e os meios propedêuticos são muito escassos. Vejo comunidades oferecendo salários de R$30 mil mensais a profissionais médicos, sem conseguir preencher suas vagas. A população pobre – ou até mesmo faixas da classe média – continua sujeita a serviços de saúde extremamente deficientes. Nesse quadro, é espantoso que haja resistência à contratação de médicos estrangeiros, treinados para ações preventivas, práticas e solidárias junto aos estratos mais pobres da população. É sem dúvida uma decisão corajosaa inclusão desses profissionais no nosso sistema de saúde;trata-se de investimento que pode ser decisivo na melhoria do sistema. É urgente,na questão da saúde no Brasil,definir objetivos mais humanos, mais socais e menos vinculados ao lucro. Essa história já se passou na Venezuela. Dados da OMS mostram todos os benefícios obtidos recentemente pela população carenge– e a estrutura de saúde da Venezuela e do Brasil era muito parecida. A aparente desinformação e atraso de grande parte da população brasileira, assim como ocorria na Venezuela,merece exatamente um esforço maior e mais concentrado, valendo-se de novos recursos, como a importação de médicos, para que as escandalosas distâncias se reduzam ou despareçam entre os nossos centros de excelência e a única realidade perto da maioria do povo. Hugo França, médico.
Posted on: Wed, 10 Jul 2013 22:03:16 +0000

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