Carta ao Professor José Aldemir Carlos Augusto dos Santos Ainda me recordo da grande sala, já um tanto puída pelo tempo, onde havia apenas três mesas: a dele, ao lado a da Edite, sua chefe de gabinete e a minha. Ali começava o sonho de implantar definitivamente a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM. Aos três, e aos poucos, foram se juntando outras tantas pessoas que começariam, efetivamente, a construir aquela instituição. Deste modo foram sendo pensados programas, projetos, editais e a própria estrutura administrativa para aquele enorme repto: proporcionar as condições necessárias para o fomento á pesquisa em um estado onde, até então, as poucas bolsas de estudo e o apoio á pesquisa eram oriundos De financiamentos da Capes, do CNPq, ou para os mais afortunados, de algumas instituições do exterior. Entretanto, o tempo passou. Deixei a FAPEAM por algumas divergências politicas em relação ao governo do Estado e fui seguir carreira no magistério e, concomitantemente dentro do Movimento de Educação de Base – MEB, ou prestando assessoria voluntária para outros movimentos sociais de Manaus. Você permaneceu! A Fapeam cresceu, ganhou corpo e amplo relevo, tanto de âmbito nacional como internacional. Reconhecimento este fazendo-o alcançar o cargo de Secretario de Estado de Ciências e Tecnologia - SECT. Era então mais um grande desafio ao qual se lançava com denodo e perseverança, á semelhança de quando deixou sua cidade natal para ganhar o mundo. Enquanto fui exercer o cargo de Ouvidor Geral do Município de São Gabriel da Cachoeira, você, por mérito, foi empossado como Magnífico Reitor da Universidade do Estado do Amazonas – UEA. Após dez anos de uma luta intensa para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Estado do Amazonas agora saiu “para ver outras paisagens” e encarar novos outros desafios. Escreveu Milan Kundera que “a luta do homem contra a história é a luta da memória contra o esquecimento”. É a mais pura verdade. Após sua saída, não ouvi, ou li, publicamente, qualquer menção honrosa, ou homenagem por parte de qualquer autoridade aos anos dedicados com afinco a esta bela obra. Infelizmente vivemos dias difíceis cuja perversidade maior é esta mesma: querer fazer com que esqueçamos aquilo tudo que alguém faz querendo colocar, por interesses mesquinhos, nos umbrais da história. Caro Professor José Aldemir, há tempo não nos vemos, há tempo não nos falamos, porém persiste uma saudade boa e generosa daqueles tempos iniciais, quando era preciso mais do que coragem para enfrentar aqueles desafios. Contudo, quero publicamente que saiba que se, ao longo da história, e do tempo que nos resta, se ainda assim não se dignarem há lhe oferecer uma homenagem merecida por todos estes seus esforços realizados em prol da ciência e da tecnologia em nosso estado, ainda assim, sempre que um novo aluno receber uma bolsa de estudo da Fapeam, sempre que mencionarem a Ciência e a Tecnologia ou o Campus Universitário da UEA haverão de se recordar de você. De minha parte, recordarei com saudades daquela sala, escura, puída, onde tudo começou e você em sua cadeira a nos indicar, como um verdadeiro comandante, os rumos a seguir, apesar dos ventos e das tempestades que com a sabedoria do caboclo que és e sabe que a tempestade é passageira e em breve os raios de sol, e o céu ensolarado, ou estrelado, irá surgir. História como esta não se apaga. Felicidades e abraços.
Posted on: Mon, 09 Sep 2013 22:16:02 +0000
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