Com a devida vénia e um profundo agradecimento, tomo a liberdade - TopicsExpress



          

Com a devida vénia e um profundo agradecimento, tomo a liberdade de transcrever um comentário do meu grande amigo Antonio Leal Salvado, a um post do Facebook, cujo autor teima em defender, alghumas vezes com mentiras mas sempre de forma a tentar manipular opiniões, as políticas deste governo PSD/CDS/Troika. Caro XXX: Acredito que tu acredites (passe a cacofonia) nas boas notícias que te chegam e aqui divulgas tão repetidamente. Digo-te, sinceramente, que continuo a ler-te sempre - e sempre com a esperança de encontrar nos teus posts factos e indicadores que sejam mesmo capazes de alimentar esta fé (que sempre tive) de que melhores ares hão-de vir, mais dia menos dia. Até porque eu sei - ambos sabemos - que a crise tem muito de inventado e que aquilo para que a inventaram e a alimentam está a cumprir os seus objectivos: baixar salários, acabar com a incomodativa classe média, afastar do caminho as pequenas empresas que tanto costumavam contrariar a expansão hegemonista dos donos-dos-compadres e dos compadres-dos-donos - e, claro está, acima de tudo passar para as mãos de quem sabemos tudo o que ainda dá e sempre dará lucro (energia, saúde, ensino, etc.). Mas o meu problema, a minha aflição e a minha tristeza vêm - e vêm cada vez mais - da realidade. Vivo numa cidade que cresceu e floresceu quase meio século e, agora, mete medo. Deserta, com uma zona industrial fantasma, centros comerciais fechados, ruas inteiras de comércio encerrado, escolas (privadas) em insolvência, recessão demográfica assustadora e em avanço exponencial nos últimos 18-20 meses... Com a minha actividade muito repartida por outras duas cidades e concelhos, o intenso contacto com as empresas e suas associações faz-me quase enlouquecer: fecharam já as melhores empresas da região - e falo de quem tinha, ainda há dois anos, máquinas oleadas, produtos competitivos no mercado externo, rigor de métodos, trabalho árduo de gerentes ao lado de equipas fantásticas. Pois todas, sem excepção, fecharam portas ou estão para as fechar. Este mês iniciei mais de uma dezena de insolvências - e nesta altura do campeonato já só falo das que há 2-3 anos eram de referência regional (as outras, onde é que já vão...) Habituei-me a ter no meu escritório homens que choram como crianças, depois de terem perdido tudo - e se o que tinham parecia indestrutível! Os filhos, engenheiros, economistas e juristas formados no duro trabalho ao lado dos pais em empresas que eram um mimo, emigram massivamente. As associações empresariais com quem contacto diariamente já baixam os braços, de desânimo. Famílias inteiras vivem a pedir, a caminho dos psiquiatras ou à procura de fazerem o que sempre mandaram fazer. Isto, XXX, não é exagero, nem romance (conheces-me e sabes que falo verdade). Hoje, não estou já desiludido nem indignado - estou desanimado e triste. Não por mim, que mal ou bem continuo de pé, mas pela multidão de gente boa que nos últimos anos já vi cair - e injustamente, muito injustamente. Eles, os que foram lutadores e honestos toda a vida, eles é que são a minha Nação e o meu País. Eles é que me dão, mais do que indicadores ou estatísticas, o pulso real de um país que está morto. Compreende-me, XXX. Não posso festejar porra nenhuma de aldrabice estatística ou matemática. Compreende que chega a repugnar-me a leviandade e a falta de rigor e verdade com que ainda se arrojam os arautos de boas notícias. Eu ando na rua e na economia real, XXX, eu ando no país feito de gente e de vida. E esse país está moribundo - e apaga-se em cada dia e hoje mais que nunca. Continuo ao lado deles, como sempre - e por isso me custa ter de ajudar por caridade aqueles que deram vida e grandeza à minha região. Sorrir, com esta realidade? Como?!
Posted on: Sat, 16 Nov 2013 16:36:36 +0000

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