Crônicas da Turquia - 24/07/2011 - Uzungöl Acordar com uma - TopicsExpress



          

Crônicas da Turquia - 24/07/2011 - Uzungöl Acordar com uma manhã enevoada no meio de um lugar que lembra os Alpes é demais. Sair e dar de cara com um dia que prometia ser de sol, nem se fala. Seguimos para o café da manhã. O hotel no qual ficamos só tinha um chalé disponível, assim ficamos meio escondidos, e tínhamos que atravessar o estacionamento para chegar até o local do café. Pelo preço que pagamos esperava algo melhor, mas… Na Turquia algumas vezes é assim, o mais caro nem sempre é o melhor. Terminado o café, saímos para explorar a redondeza. Subir, era sempre assim por ali, subir ou descer, agora estávamos subindo. Não sabia bem o que espera, apenas sabi aque seguia para Sultanmurat. Enquanto Fırat dirigia daquele jeitinho especial que só ele sabe. Ia olhando as montanhas a tinha à volta, coberta de árvores, bem, até certa altitude. De repente as árvores desapareceram, a névoa encobria a estrada, tínhamos que ir bem devagar. Ao chegarmos no topo de um platô, percebi à esquerda a existência de um vilarejo. Chegáramos a Sultanmurat. Estacionamos o carro. Desci e fiquei muito feliz, parecia que estávamos no céu. Além da névoa, algumas nuvens mais baixas pairavam pelo vale onde estava Sultanmurat. Altitude que nos encontrávamos: 2400 m. Vacas andavam pastando por aqui e ali, um hotel estava sendo limpo, e as pessoas andavam pela rua, uma rua curta que era o coração da vila. Fırat me levou ao que seria o centro cívico, ali tive uma introdução sobre a vila. O local era usado no verão pelo pessoal da vila mais abixo. No inverno a neve tornava difícil viver ali, imagino, mas seria incrível ter um chalé ali, só para usufruir de toda a neve no inverno... Não disse nada a Fırat, ele iria me chamar de louca... mas... quem sabe... O platô era famoso pelas milhares de pessoas que haviam morrido ali durante batalhas na Primeira Guerra Mundial. Eles estavam coletando dinheiro para construir uma mesquita ali. Uma mesquita não, um complexo com salas de estudo, cozinha e tudo mais que fazia da mesquita um local para o bem do povo. Certamente Fırat e eu contribuímos e tomamos o çay que nos foi oferecido. Seguimos um pouco acima, agora de carro, um cemitério em homenagem aos mortos, onde Fırat prestou sua homenagem aqueles que morreram lutando pela pátria. O mais incrível ali foi olhar para um vale, uma espécie de abismo que ficava envolto na névoa. Foi inimaginável e impossível não pensar nas concepções de céu do cinema. Voltamos à estrada, agora era descer de volta até o nível do rio. Atravessamos Uzungöl e começamos a subir por outra estrada. Tudo era lindo, praecia que estávamos no meio de algum país europeu, as pequenas vilas nas encostas, os vendedores de mel na beira da estrada. Poucas árvores agora, estávamos chegando ao topo de outra montanha. Surpresa, a minha direita um pequeno lago de águas azuis esverdeadas, mas Fırat não me dá tempo de nada dizer, continuou subindo. Mais alguns quilômetros e ele me apresentou nova surpresa. Um lindo lago, maior do que aquele que eu havia visto. Pessoas faziam piquenique ali, crianças corriam. Foi incrível. Me indagava, como as pessoas não tinham preguiça nem medo de se arriscar naquela subida só para fazer um lanche ou churrasco. Não que o lugar não valesse, mas... Fırat olhou mais acima e decidiu subir um pouco mais, ele confirmava o apelido que eu dera a ele: “sempre no topo”. Ele queria saber se as manchas brancas que via nas montanhas era neve. Era. Ele até brincou de desenhar a Lua e a Estrela em um bloco de gelo. O melhor, foi a vista que tínhamos do lago abaixo. Hora de começar a descer, até porque a fome aumentava. Paramos em uma espécie de “tenda” onde comi um prato delicioso de carne, apimentado, mas muito gostoso, salada, pão e aquele prato com queijo. O mais engraçado foi que Fırat achou o preço que cobraram extremamente caro, bem, comparado com outros lugares nos quais comemos foi sim, mas nenhum deles tinha aquela vista e aquele ar. Continuamos nossa decida até Uzungöl, parando aqui e ali para fotos. O dia havia sido muito especial e eu precisava de algum tempo para interiorizar toda a beleza que vira. Quero agora falar de minha experiência pessoal com esse lugar. Primeiro devo dizer que sou totalmente apaixonada por montanhas. Certa vez escrevi, que montanhas me lembram gigantes adormecidos, apenas aguardando que a energia que gere todo o Universo se liberte e os traga de volta a vida. Toda vez que estou no meio delas, me sinto grande, poderosa, abençoada por poder estar aqui e compartilhar tantas maravilhas. Enfim, montanhas para mim são como sorvete para crianças. Nestas montanhas, tudo que queria era ter a capacidade de mesclar-me a elas. Fiquei imaginado uma casa naquele lugar, onde de tempos em tempos, iria me refugiar, sonhar. Algo simples, rústico, onde ficasse distante deste mundo maluco e repleto de sons. Lugar para criar minhas estórias. Me imaginei preparando um sanduíche e no meio da tarde seguindo com meu livro para a beira do lago, ler e tomar çay. De vez em quando, convidar algum amigo para dividir os prazeres daquele lugar. A Turquia tem disso. Toda vez que passo por novo lugar, fico fantasiando, sonhando em como seria passar ali um tempo. Tempo calmo, de exploração e assimilação. Sim, a Turquia impregnou em mim, nunca mais irá deixar meu sistema. Retornamos ao hotel, banho tomado, seguimos a um restaurante onde Fırat pediu lahmacun e cola (refrigerante). Conversamos muito, sobre tudo e principalmente, nossos sonhos e planos. Eu queria, e ainda quero, comprar um lugarzinho para poder passar mais tempo em Istanbul, convidando meus amigos, Fırat gostava da ideia... e eu tinha alguns planos para ele e a família dele...
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 19:40:10 +0000

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