Deus, mistério insondável Ricardo Gondim E isso tudo é apenas a borda de suas obras! Um suave sussurro é o que ouvimos dele. Mas quem poderá compreender o trovão do seu poder? Jó 26.14 Numa manhã fria, entrei no escritório com vontade de trancar a porta. Pedi a secretária que não passasse nenhuma ligação. Eu ansiava por solitude. Não a solidão melancólica e depressiva dos tristes, mas a introspectiva, solitude que convida à meditação. Amanheci com sede de Deus. Talvez o Espírito, que gera fome espiritual, tenha me tocado durante o sono. Quem sabe algum cheiro, cenário ou gosto tenham despertado uma memória proustiana que me levou a perceber a sede de transcendência que guardo no peito. Sentei na cadeira, joguei as costas no respaldo, gesto de quem espreguiça ou se prepara para relaxar. Naquela manhã, a minha prioridade única, sem nada agendado para os próximos minutos, era Deus. Eu desejava descansar a alma, orando e meditando. De repente veio um sentimento assustador. O insólito misterioso me assustou. Quem é Deus?, pensei. Assim, meio deitado na cadeira, confessei: Senhor, sei tão pouco sobre ti. Contemplei os livros enfileirados, que pareciam espiar quietos de dentro das diversas prateleiras que rodeiam as paredes do escritório. Mais uma vez admiti: Senhor, já li muito sobre ti e não sei quase nada. Deus é tremendo mistério. Por mais que estudemos, reflitamos e aprendamos, continuaremos nas franjas do seu conhecimento. Não conseguiremos jamais exaurir a natureza divina, sequer definí-la ou explicá-la. Diante do Altíssimo, sentimo-nos como o menino que segura balões de gás, com as bexigas multicoloridas dançando acima de sua cabeça, sem que ele saiba nada sobre os fenômenos físicos que as fizeram vencer a gravidade. Ele segura os barbantes e isso lhe basta. Estar conectado a um mistério assombroso o deixa feliz. Assim acontece conosco. O mistério da divindade maravilha, encanta e nos enche de temor. Estamos ligados a ele apenas por um barbante. Sem entender muito, sem saber os porquês, sem curiosidade livresca, por algum motivo, depois de dizer nada sei, eu me senti acompanhado naquele dia - ou seria amado? Soli Deo Gloria
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 13:39:42 +0000
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