Discurso proferido por sua excelência ENG. ERNESTO JOAQUIM - TopicsExpress



          

Discurso proferido por sua excelência ENG. ERNESTO JOAQUIM MULATO, Vice-presidente da UNITA Mulato31122005.jpg REPÚBLICA DE ANGOLA U N I T A SESSÃO DE ABERTURA DA III REUNIÃO ORDINÁRIA DO COMITÉ NACIONAL DA JURA DISCURSO PROFERIDO POR SUA EXCELÊNCIA ENG. ERNESTO JOAQUIM MULATO VICE-PRESIDENTE DA UNITA Prezados companheiros: É com muita satisfação que, em nome do Presidente do Partido e em meu nome pessoal, saúdo a Juventude Unida Revolucionária de Angola – JURA por ocasião da III Reunião Ordinária do seu Comité Nacional. Agrada-nos ver nesta sala os dirigentes juvenis das 18 províncias do país num momento singular da história da revolução angolana. O momento actual é singular porque, tal como nos anos 60, Angola vive novamente contradições ideológicas de fundo entre duas culturas políticas e dois modelos de sociedade. Entre a cultura da exclusão e da arbitrariedade e a cultura da igualdade e da solidariedade. Entre uma sociedade oprimida e desigual e uma sociedade livre, justa e solidária Nos anos 60, tinhamos, de um lado, uma minoria, que detinha o poder político e económico. Uma minoria que pensava que só eles tinham o direito de governar Angola, só eles tinham direito ao acesso à justiça, só eles deviam controlar os meios de comunicação social. Por isso, estabeleceram uma ditadura. Uma ditadura que realizava eleições, mas com resultados pré determinados. Uma ditadura que levava as pessoas ao Tribunal, mas com sentenças pré ditadas. Uma ditadura que tolerava alguma liberdade, alguma oposição, mas não podia de forma alguma almejar a alternância. Era a ditadura de Salazar, que foi depois substituída pela ditadura de um professor de Direito chamado Marcelo Caetano, em 1968. Do outro lado, havia uma vasta maioria sofredora e excluída, à qual a minoria não reconhecia o direito de participar do governo e de partilhar por igual a riqueza nacional. Uma maioria que não tinha acesso igual à imprensa. Não podia participar em eleições para vencer, porque todas as eleições eram manipuladas e sabemos o que se passava na altura com dirigentes portugueses que professavam ideias democráticas . Uma maioria que era oprimida por uma polícia política feroz e omnipresente, que utilizava a Procuradoria da República e os Tribunais para violar os direitos dos cidadãos e proteger a ditadura. A ditadura portuguesa teve dos jovens portugueses, angolanos, moçambicanos, guineenses e cabo-verdianos, a resposta que todas as ditaduras acabam por enfrentar: a revolução, em 25 de Abril de 1974. As sementes da revolução de Abril, porém, haviam sido lançadas muitos anos antes, por jovens de diversas matrizes políticas, quer em Portugal, quer nas antigas colónias de Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Cabo Verde. Foram os jovens que, com fervor e patriotismo, disseram: BASTA! Quer atravês de pequenas manifestações pacíficas, quer atravês de boicotes, concertos musicais, simples convívios e outros actos, contribuiram para a formação da consciência revolucionária da sociedade. De tal forma que, quando o momento chegou, toda a sociedade aplaudiu, porque a sociedade estava madura e farta ! Prezados companheiros: Hoje vivemos uma situação similar. Temos no país o mesmo tipo de contradição, entre uma ditadura, defendida por uma minoria, e o sonho de uma democracia, almejada pela maioria! Se em Portugal e em Cabo Verde, a ditadura foi derrubada, em Angola, a ditadura de Salazar e Caetano foi substituída pela ditadura de Eduardo dos Santos. Mas assim como os jovens , dos quais fazia também parte José Eduardo dos Santos, derrubaram aquela ditadura nos anos 70, hoje também, os jovens irão derrubar a ditadura que oprime os angolanos. Os métodos que priveligiamos para derrubar a ditadura são todos aqueles consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e incorporados na nossa Constituição. Eles consubstanciam o exercício do direito à indignação, o direito à greve, o direito à manifestação, o direito à crítica, o direito ao boicote, o direito de participar e de não participar em fachadas democráticas, enfim, o direito democrático de oposição. E é neste quadro que a juventude de hoje faz a sua revolução democrática. Este quadro exige uma avaliação permanente da eficácia dos métodos utilizados, do amadurecimento da consciência do povo e dos ganhos da revolução. A nossa campanha é permanente e visa a conquista plena da paz, da liberdade e da democracia. Não de uma democracia totalitária e tutelada, mas de uma democracia participativa, plena e abrangente. Democracia na política, democracia na economia, democracia na cultura! Prezados companheiros: O regime do Presidente José Eduardo dos Santos terá de ceder. Terá de reconhecer que, no século XXI, o desenvolvimento não pode estar separado da paz, nem da liberdade nem tão pouco da democracia. Não se pode continuar a pisotear os direitos humanos dos angolanos, não se pode continuar a prender as pessoas como se fossem cães como aconteceu com o jovem da JURA Oseias Chilembo ou o neto do veterano Mendes de Carvalho . A humildade do povo angolano não seja interpretada como sinal de fraqueza . Quem tem de forçar o regime a reconhecer isso é a juventude! Estaé a vossa missão! Estou certo que durante os vossos debates, analisarão os vários obstáculos a paz e a concórdia entre os angolanos e procurarão as estratégias adequadas para libertar o povo do medo que se transformou no seu primeiro inimigo ; quando o povo se livrar do medo terá a vitória contra a exclusão garantida. Não se deixem distrair. A contradição é só uma: entre a ditadura e a democracia participativa. Não aceitem ser domesticados! Não aceitem ser embriagados com a propaganda falaciosa do regime. Não aceitem as dádivas da corrupção para trair a causa de milhões! Permaneçam firmes. Ao longo do percurso revolucionário do povo angolano, surgiram muitos líderes juvenis que abraçaram a causa da revolução. Mas entre eles, muitos também perderam a coragem e a perseverança e por isso ficaram a meio do caminho prematuramente. Uns por cansaço, outros por engodos e ainda outros por traição! Isto aconteceu na UPA/FNLA, no MPLA e na UNITA. E nesse capítulo, a JURA está de parabéns, porque foi ela própria que detectou o involvimento de forças estranhas e as ervas daninhas que procuram minar a sua integridade política. Prezados companheiros: O mundo mudou e o tempo em que muitos políticos do meu tempo julgavam que, pretensamente, éramos “especiais”, também chegou ao fim. As mudanças ocorridas lá fora, acabaram, inevitavelmente, por contagiar também a nossa sociedade. Os angolanos querem a paz social, querem liberdade, querem democracia com autarquias! Democracia que luta contra a exclusão, que promove e garante a igualdade jurídica e econónima entre os cidadãos, a alternância política, e o governo responsável. Governo de todos, que governa para todos, presta contas a todos e melhora a vida de todos. Declaro aberta a III Reunião do Comité Nacional da JURA. Muito obrigado.
Posted on: Sat, 28 Sep 2013 08:52:04 +0000

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