Ditadura... como tenho lido no facebook essa palavra nos últimos dias... como ela foi banalizada, como virou sinônimo de qualquer atitude dos governos que nos desagrade. É a ditadura do PT ou, como dizem alguns, dos PTralhas, ditadura do Cabral, ditadura até de prefeito. “Ah, a polícia prendeu sei lá quem na manifestação”... pronto, virou ação de ditadura e o detido, preso político. “Ah, tentamos invadir “pacificamente” a assembleia ou o estádio de futebol e sem razão nenhuma a polícia da “ditadura” nos reprimiu... isso não é democracia, cadê minha liberdade de ir, invadir e vir?” A verdade é que chego a perceber um certo ar de realização de algumas pessoas pelo fato de ter entrado em choque com a polícia, talvez numa vontade de se parecer com aqueles que enfrentaram a Ditadura (essa com DÊ maiúsculo) no passado. Mas sabem o que foi realmente o período, longo período, da ditadura? Deixando de lado as questões socioeconômicas e focando no cerceamento de liberdade, têm ideia do que foi a repressão sobre os grupos organizados, jornalistas, estudantes etc.? Fazem ideia do que é ver seus artistas e ídolos indo embora do país contra sua vontade? Do que é chegar na porta de um teatro e ser informado que a peça ou show a que você ia assistir foi cancelado pela censura? À exceção do Michael Jackson que mudou de cara e de cor, sabem o que é ver seus compositores queridos usando nomes fictícios para poder emplacar músicas, pois do contrário seriam censuradas? Ler escondido livros ou jornais de vanguarda? Enfim, não poder falar o que pensa? Felizmente, durante os anos de chumbo quando se decretou o AI-5 e se torturou e matou muita gente sob o comando do General Costa e Silva e, posteriormente, do General Emilio Médici, eu ainda era uma criança e acompanhei os movimentos da época com olhos infantis. A minha adolescência e início de politização se deu já no governo do Geisel que iniciou o processo de abertura política. Em 1977, entrei na UNB logo após uma greve muito forte e a presença e atuação da polícia ainda persistia no campus e em suas imediações. Era comum sermos abordados em quaisquer situações. Por exemplo, imaginem-se sentados numa mesa de um bar bebendo uma cerveja com amigos e serem abordados por uma tropa de choque (com capacetes, fuzis e o escambau), obrigando-os a por as mãos na parede para revista e identificação. Já passaram por isso? Eu já. Entendo que é salutar e até um dever da população questionar, reivindicar e as pessoas devem ter a sensatez de procurar fazer isso da forma mais eficaz e organizada, sempre tendo em mente a possibilidade de excessos e o risco do confronto a que movimentos de massa estão sujeitos e o despreparo de nossas polícias para essas operações. Aliás, muita gente foi torturada pela Ditadura e morreu justamente por defender a liberdade que hoje se tem de manifestar e dizer o que quiser... e não usavam máscaras. unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=4962
Posted on: Sun, 08 Sep 2013 01:06:13 +0000
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