Do particular ao geral Depois de me indignar com a reportagem da - TopicsExpress



          

Do particular ao geral Depois de me indignar com a reportagem da Zero Hora, muita coisa veio a minha cabeça. A primeira delas é que lembrei daquele menino muito tímido, excluído no fundo da sala de aula, seu nome é Everton. Sim, o jovem Everton tido como figura geral de nossa cidade retratado pelo então jornal gaúcho. Pensando naquela minha primeira experiência como professora em estágio do Magistério, hoje vejo o quanto contribui naqueles quatro meses para aprofundar o abismo que separava o menino dos demais de sua turma. Nossas vidas tomaram rumos diferentes a partir daquele ano. Eu, com um pouco mais de oportunidade, pude estudar, fazer concurso público, ser aprovada, ter estabilidade financeira. Ele, continuou na escola, não por muito tempo, imerso em um processo de exclusão. Em seu caminho não houveram oportunidades. Hoje, após 16 anos, consigo entender que o então menino foi expulso da escola por um sistema que massifica, exclui e aliena. Onde muitos ficarão pelo caminho e isto é tido como natural. É tão natural, por exemplo, que ele tenha se tornado Carroceiro enquanto uma menina de sua mesma sala de aula, neste ano, colará o grau de Bacharel em Direito pela FURG. A porta da escola está aberta para todos, mas quem pode permanecer?! Muitos vão dizer: - Ele não quis estudar, teve oportunidade! Será que ele não queria mesmo? Será que não vislumbrava um outro futuro para si?!!! Tirem as suas conclusões!!! Ele é um particular entre muitos. Mas e o geral? Não existe? Existe sim. Aqui, na terra em que as pessoas “andam de carroça”, tem muita que produz sua existência de diferentes maneiras. Tem gente que estuda, trabalha, que buscou, cavou, construiu as oportunidades necessárias e conseguiu uma vida melhor! Tem também, Nortenses que se destacaram e se destacam em diferentes áreas e estão espalhados por este mundo, que parece grande, mas é tão pequeno (e ainda tem gente que esquece disto)!!! Pensando naquele jovem, penso em meus alunos, aqueles que “teimam” em querer um outro futuro e que este passa ou não pelo Polo Naval. Lembro de meus alunos do interior, filhos de pescadores e agricultores que, sabendo, sentindo a falta de oportunidades que seus pais tiveram, levantam nestas madrugadas congelantes para atravessar campos, ficar à beira da estrada esperando o transporte escolar! (o Fabiano em seu desespero cognitivo me fez pensar muito sobre este assunto) Nova São José do Norte, novos habitantes, que venham para somar, não para subtrair. Que os impostos, geração de renda venha para TODOS e não para alguns, como já estamos percebendo! Que nossos alunos possam, tenham o direito de escolher: carroceiros ou professores, advogados, pescadores, agricultores, contadores, administradores, matemáticos... E que deles não seja subtraído o direito de sonhar e realizar suas aspirações!!!
Posted on: Sun, 18 Aug 2013 02:31:32 +0000

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