Dorian Gray (ou auto-retrato de mim mesmo aos 23 anos) Mesmo depois de passada a grande desilusão amorosa, e outras menores que vieram em seguida, a vida não poupa quem está vivo. Minha pele se desmonta e não me obedece fico velho a cada dia, invariavelmente. Meu sorriso se desbota porque as rugas vieram e tomam-me, a mim e ao meu viço, logo aos 23 anos. Já faz algum tempo que os brinquedos não me atraem. Vendi minha esperança pelo conforto de desiludir-me. Procuro encontrar-me onde não estou: fora de mim, num vazio absurdo de filmes estrangeiros Os bêbados que encontro, e que vem ter comigo e as prostitutas, maquiladas de um cheiro sincero, são personagens de um teatro objeto Não vejo as gentes, mas só os personagens que estão por fora delas: Material poético de um decadente artista. Perdida a humanidade que havia em mim que era luz e algo de esperança Restará futuro como sonho imenso? Serei pai de duas ou de nove crianças? E quantas eu conhecerei no berço? Assassino ou meliante? Juiz de direita ou policial perfeito Ou serei velho de sorriso franco, franqueza esta vinda no entremeio?
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 04:35:04 +0000
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