EROS, FILIA E ÁGAPE – EXPRESSÕES DE AMOR Na língua - TopicsExpress



          

EROS, FILIA E ÁGAPE – EXPRESSÕES DE AMOR Na língua portuguesa só existe uma palavra para amor: amor. Os gregos fazem três distinções de palavras: eros, filia e ágape. Também na Bíblia e na fé cristã as três palavras definem a intensidade do amor. Essas variações de entendimento sobre a realidade do amor, todos nós já experimentamos. Mas, quem sabe, seria bom algumas reflexões sobre o que significa cada maneira do amor se manifestar. Eros é o amor carnal, o amor entre homem e mulher, o amor que aproxima duas pessoas que possuem sede de se conquistar. É o amor que pode ser repleto de paixões inebriantes. Interessante que no livro do Cântico dos Cânticos exalta se este amor erótico como um presente que Deus concedeu ao ser humano: “como são ternos teus carinhos, minha irmã e minha noiva! Tuas carícias são mais deliciosas que o vinho; teus perfumes, mais aromáticos que todos os bálsamos” (Ct 4,10). E, ao final, a noiva precisa reconhecer: “porque é forte o amor como a morte… Águas torrenciais não conseguirão apagar o amor, nem rios poderão afogá-lo. Se alguém quisesse comprar o amor com todos os tesouros da sua casa, receberia somente desprezo” (Ct 8,6s). É uma experiência que todos já tivemos. Esse amor-eros pode ser vivido de forma muito sadia quando o homem integra, unifica corpo e alma. Nas palavras do Papa Bento XVI em sua encíclica Deus Caritas est: “Somente quando ambos (corpo e alma) se fundem verdadeiramente numa unidade é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só assim é que o amor – o eros – pode amadurecer até sua verdadeira grandeza”. Na mesma encíclica, o Papa fala que o amor erótico é também o de Deus por nós: Deus assume a natureza humana para amá-la e ser amado. É também o amor dos amigos, o amor pelos doentes e pobres: ali a dimensão erótica expressa o amor carnal em seu sentido pleno de amar a natureza humana. Filia é o amor de amizade. É o amor que não monopoliza, não escraviza, não cria dependentes. É o amor que vive a alegria de se comunicar com alguém do jeito que a pessoa é. Esse amor culmina na disposição de expor a vida em benefício do outro. Jesus refere-se a este ideal quando fala de si: “ninguém tem maior amor do que aquele dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Na vida precisamos cantar, celebrar as amizades. Para Epicuro, filósofo grego nascido em Atenas, a amizade é o máximo que a sabedoria da felicidade nos pode oferecer na vida. Os gregos, nas palavras de Anselm Grün, foram o povo da amizade. Muitas relações são verdadeiramente valiosas porque cresceram sobre o bojo da amizade. Na canção de Rui Biriva se canta “amizade é dom divino da paz. É poesia e violão cantando a mesma canção com duas vozes iguais. São os diamantes da vida que brilham nos olhos da gente. Um amigo é para sempre”. Ágape é o amor divino, o amor em estado puro. É o amor que é fundado na fé e por ela plasmado. É um benquerer de coração não só ao amigo, mas a todas as pessoas. Não se limita às nossas relações cotidianas e habituais: se estende e prolonga-se até mesmo com aqueles que não temos contato direto. É também o amor de Deus por nós e o nosso amor por Deus. O ágape não quer nada dos outros nem de Deus, não é interesseiro e não espera recompensas e premiações por seus gestos, ama os outros por causa deles mesmos. O ágape não se mistura com os desejos de posse e vontade de dominar e explorar, não é um amor por “piedade” ou por comprimento de deveres morais/religiosos mas, nasce da disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe o amor que nos torna sensíveis também diante de Deus. É neste amor que experimentamos, no serviço ao próximo, o modo com que Deus me ama e tudo o que ele faz por mim e pela humanidade. É o amor reflete o amor divino. É o ápice do amor – união do eros, filia, doação total – pelo qual ansiamos no mais profundo de nosso ser (cf. Hino do Amor, de Paulo, em 1Cor 13, 1-13). As três maneiras de amor formam um conjunto inseparável. A filia participa da força do eros. E também o ágape precisa do eros, caso contrário se esvazia. O ágape está presente no amor erótico e amigo. Torna se então um amor puro e límpido. Amor que dá sentido para a vida. Novamente nas palavras de Bento XVI “Deus é absolutamente a fonte originária de todo ser; mas esse princípio criador de todas as coisas é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro amor. desse modo, o eros (também a filia) é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão purificado que se funde com o ágape”. Essa unificação não se dá em confusão. É a unidade que cria o amor, na qual ambos – Deus e o homem – permanecem eles mesmos, mas, nas palavras do Apóstolo Paulo, tornando-se uma só coisa: “aquele, porém, que se une ao Senhor constitui, com Ele, um só espírito” (1 Cor 6,17). Éderson Iarochevski
Posted on: Fri, 28 Jun 2013 22:58:13 +0000

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