EU E O LIMA BARRETO (PARTE 8) Na biografia de Lima Barreto, - TopicsExpress



          

EU E O LIMA BARRETO (PARTE 8) Na biografia de Lima Barreto, Francisco de Assis Barbosa narra uma cena ocorrida quando da morte do escritor mulato, na pág. 355: “Durante o velório (de Lima Barreto), aparecera um homem com um pequeno ramalhete de perpétuas. Ninguém o conhecia. Curvou-se diante do morto, e espalhou as flores no caixão. O depoimento pertence a Pereira da Silva e deve ser transcrito com as próprias palavras do poeta: ‘Quando transpusemos a sala em cujo centro jazia o cadáver, o homem correu a espalhar no caixão, votivamente, aquelas perpétuas de um roxo tão expressivo. Depois, mal contendo a comoção, descobriu-lhe o rosto, beijou-o na testa, que ainda recebeu algumas lágrimas. Uma pessoa da família dirigiu-se ao visitante. Quis saber quem ele era. / - ‘Não sou ninguém, minha senhora. Sou um homem que leu e amou esse grande amigo dos desgraçados’.” (Grifo meu.) (Nota: Expressão grifada: “GRANDE AMIGO DOS DESGRAÇADOS”.) Este engajamento a favor dos oprimidos é visceral em mim. A posição social em favor da gente simples, dos desvalidos, sempre me acompanhou. Nunca me senti bem nos ambientes sofisticados. Inclusive certa vez fiquei alguns meses distante de um amigo apenas porque senti nele um prazer burguês ao descrever o luxo de um restaurante chique que havia frequentado numa cidade de praia durante um carnaval. Só por isso. No texto citado (“Uma Coisa Puxa a Outra... – I”), Lima fala da sua ojeriza por locais esnobes: “Demais, visto-me mal, lamentavelmente mal, quase mendicante; nunca tenho roupas – de modo que jamais estou em estado sofrivelmente binocular, para acotovelar as elegâncias que se premem nos nossos teatrinhos. / Não julgo que amo a piedade; não sofro miséria, não, e vivo bem. É um feitio esse de ser; é a minha pose...” Nesta vida o meu desleixo pela aparência física permaneceu o mesmo, ou um pouco atenuado. Nunca tive o menor interesse em comprar roupa nova. A que eu tinha era proveniente de doações de parentes, que a minha mãe, boa costureira, consertava e colocava na minha medida.
Posted on: Mon, 22 Jul 2013 11:40:26 +0000

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