Ele foi a minha infância e minha adolescência. Ele me acolheu - TopicsExpress



          

Ele foi a minha infância e minha adolescência. Ele me acolheu com todas as espinhas, choros e a crise eterna que eu mantinha dentro e fora de mim. Brincava de ser pai, de me mandar estudar Matemática, enquanto ele tinha para o dia seguinte um trabalho de Filosofia. Ria das minhas gírias, da minha baixa-estima e dos cachos que meu cabelão fazia. Ele ria de mim. Com ele eu chorei, me apaixonei e amei. Escrevi cartas que estavam numa caixa de sapato. Ele dizia que eu nunca conseguiria ser a jornalista que tanto sonhava. E que eu falava demais, também. Eu dizia que um dia ia escrever sobre ele, em uma daquelas colunas finais de revistas que falavam de amor. Ele riu e disse que isso nunca ia acontecer, porque ele não merecia. Ele realmente não merecia. Ele segurou minha cintura, me levou no carro preto do seu pai para os lugares mais legais que eu pude conhecer. Ele foi o primeiro a pagar a conta, a me deixar dirigir, me libertar para sofrer e brincar de amar. Dos mais sinceros homens que conheci, ele soube me dizer Adeus. Mas espera aí. Homens nunca dizem Adeus, eu li isso em algum livro. Estou me despedindo garota, se cuida, até nunca mais. Ele já disse nunca mais. Nunca mais é muito tempo. E não foi o suficiente para tirar ele da minha vida, da qual ele nunca mais irá sair.
Posted on: Mon, 01 Jul 2013 20:45:36 +0000

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