Em defesa do vandalismo São muito bonitas essas passeatas de gente de bem e de boas maneiras, de estudantes criados a leite com pera e sucrilhos ou jovens senhoras amantes das belas artes e da própria cultura. Muito bonitas mesmo, fico emocionado. Seria de fato tudo muito lindo se todos os manifestantes admirassem Banksy ou ao menos tivessem tido a oportunidade de serem livres. Mas parece que protestar por compaixão aos outros do que por sua própria e urgente necessidade é sempre mais bonito e sereno. E parece que aqueles que já foram metralhados pela polícia ou aterrorizados por ex-militares em suas comunidades miseráveis, ainda tem certa dificuldade em protestar com a mesma polidez e elegância da artista global. Acho que eles tem mais pressa e menos educação. “Cansei!”, diziam as jovens senhoras do Leblon, exaustas das filas insuportáveis nos aeroportos, agora lotados de gente pobre. Porém mesmo cansadas, reivindicavam o que consideram seus direitos como verdadeiras damas da coroa britânica. Todas trabalhadas no com licença e por favor. Estão certíssimas. O que eu não consigo condenar totalmente é que alguém que receba um salário mínimo pra limpar a privada dessas jovens senhoras, oito horas por dia, e perca outras tantas para ir do subúrbio ao Leblon em condições desumanas, resolva depredar uma concessionária de carros importados. Sim, eles são vândalos, e pela lei, devem arcar com a consequência de seus atos. Se forem presos ou mortos, porém, pra mim parecem mais como heróis. Mártires que ofereceram a própria vida pra demonstrar a essência da sua agonia.
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 22:36:15 +0000
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