Em tempos de muita emoção, mais uma reflexão sensata. Os - TopicsExpress



          

Em tempos de muita emoção, mais uma reflexão sensata. Os pontos intermediários Favoritar Gilberto Scofiled Jr. [email protected], Recebi e-mails agressivos de policiais que se sentiram incomodados com as críticas sobre a mão pesada da PM ao lidar com momentos de extremos. Dizem que o colunista está protegendo bandido ao criticar as reações exageradas da força nas manifestações. E que situações que põem em risco a integridade dos policiais e dos cidadãos inclusive da imprensa, frisam deve receber uma reação à altura. O GLOBO 20/07/2013 - 06h00 Gilberto Scofiled Jr. Gilberto Scofiled Jr. [email protected] Entendo o trabalho da PM, mas a cidade mudou e a própria PM fez parte do incrível processo de pacificação que alterou a cara do Rio. A cidade quer se livrar do crime organizado, tanto quanto quer uma nova PM, mais limpa, mais estratégica e menos violenta. As comunidades pacificadas vêm pedindo isso há anos. Os movimentos sociais, também. Agora, é a vez do asfalto. Não acredito que as autoridades não percebam que é disso que se fala. Os episódios tensos que a cidade vive nas últimas semanas misturam gente indignada e gente extremada, pessoas bem intencionadas e a bandidagem. O que se pede é que a polícia tenha inteligência suficiente para diferenciar uma coisa da outra e agir de acordo. O desafio é lidar com o vandalismo em tempos democráticos de indignação nas ruas. Coibir os abusos com inteligência e estratégia e não sair batendo e atirando em tudo que se move. Ou agir de forma extremamente passiva, como aconteceu no Leblon esta semana, quando a polícia parecia um adolescente emburrado porque levou uma bronca. Como disse muito apropriadamente o próprio secretário de segurança, José Mariano Beltrame, as autoridades estão lidando com turba, que coloca a polícia entre a prevaricação e o abuso. A solução não está nos extremos. É intermediária. Exato, secretário. Por isso é tão boa a decisão das polícias e do Ministério Público de criar um grupo de inteligência para investigar os baderneiros infiltrados e as origens desses grupos, coisa que já deveria ter sido feita antes. Porque a briga não é para desacreditar a polícia, uma instituição ainda imprescindível. A briga é por uma polícia mais aparelhada, inteligente, humanizada e que lide com estratégia nas situações de risco. Da mesma forma, recebi emails agressivos de gente indignada com minha suposta intenção de transformar manifestantes indignados em bandidos e da falta de percepção de que só destruindo tudo isso que está aí se constroi o novo. Não, não estamos falando de inocentes acuados pela polícia na Praça San Salvador ou no Circo Voador. O que se viu esta semana nas ruas de Ipanema e Leblon depois do protesto pacífico em frente ao Cabral foi ignorância juvenil e bandidagem pura e simples. Gente que acha que derrubando poste, quebrando vidraça de banco, queimando lixeira e saqueando a Toulon vai mudar a humanidade ou diminuir as injustiças do mundo. A força criativa é destruidora, mas o contrário nem sempre é verdadeiro. Seria somente ingênuo não fosse equivocado e barbarizante. O famoso estado de direito, que os anglófonos muito apropriadamente chamam de rule of law, é uma conquista civilizatória e é a partir daí, com estratégia e inteligência, que se articulam as mudanças. A começar pelas nossas escolhas eleitorais. De nada adianta o discurso raivoso bem carioca que tenta culpar o outro de todos os males do mundo. É assim no trânsito, é assim nos serviços, é assim no dia a dia. Eu tenho sempre razão, eu mereço mais que você e se você não concorda, é o inimigo a ser derrubado. Tudo aos extremos, nenhum ponto intermediário. Acho uma bobagem sem fim quem tenta vincular a indignação com o que aconteceu esta semana no Leblon com um sentimento de apatia com a violência que acontece há anos em favelas. Se fosse na Maré, ninguém estaria bufando. Como não? O processo de mudanças que o Rio vive hoje inclui a consciência da comunidade carioca de que a pacificação não se fortalecerá sem a ocupação politico-jurídico-social das favelas. A indignação com o que ocorre no Leblon não exclui a indignação com a violência na Rocinha. Os tempos, como eu já disse, são outros. Até porque os avanços são mais fruto de convergências, de pontos intermediários, que de extremos.
Posted on: Sun, 21 Jul 2013 00:54:57 +0000

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