Esta mudança faz toda a diferença. Enquanto não reconhecemos o - TopicsExpress



          

Esta mudança faz toda a diferença. Enquanto não reconhecemos o outro como um dos nossos, não falamos para ele, falamos dele; e se falamos dele, falamos dele para um terceiro – para a mídia ou o público, quando nos distanciamos dele, aceitando a traiçoeira fronteira entre “bons” e “maus” manifestantes (hoje entre os “bons” professores e os “maus” Black Bloc, amanhã entre o “mau” sindicato e os “bons” fura-greves etc.); no limite, para a policia, contribuindo para a sua repressão (“nesses pode bater à vontade, porque nem os outros apóiam eles”). Mas se nossas diferenças se expressam sobre o pano de fundo de um destino comum que está em jogo, estamos muito mais aptos a desenvolver a confiança que nos permite, não simplesmente aceitá-las como são, mas criticá-las se necessário, negociá-las, articulá-las, compô-las de maneiras vantajosas para o comum. O cálculo é simples: se transformar a sociedade é aquilo que a esquerda se propõe a fazer, e o ciclo que se abriu com os protestos de junho é a melhor oportunidade para promover transformações profundas aparecida em décadas, no Brasil, ser de esquerda hoje não tem a ver com declarar-se (ou não declarar-se) como tal, ou pertencer a uma organização que teve esta ou aquela trajetória. É tomar o partido do evento; participar de sua continuidade e expansão, intervindo nele por dentro; entender que ele pertence em igual proporção a todxs que o constroem; e criticá-lo como quem resolve diferenças com iguais, não como quem chama a polícia. Se o evento somos “nós”, aliás, talvez este seja o nome mais apropriado para “eles”: seja de farda, seja de terno, todos os que apostam que nada ocorreu, ou que em breve será como se nada tivesse ocorrido, merecem cada vez mais o nome de “polícia”.
Posted on: Tue, 03 Dec 2013 19:33:37 +0000

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