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Este poema talvez devesse ser denominado Tsunami; Sua inspiração nasceu com Krakatoa - que ficou reverberando para sempre em minha mente - e começou a despertar com o caso dramático de Tuvalu, País da Oceania que está desaparecendo no mar, e despertou quando do Tsunami de Tonga. Errático [ De Geraldo Facó Vidigal ] Três dias e noites Deuses fizeram chover pedras - quentes, leves, porosas – Após por-se o sol em rosa, à enorme luz a leste seguiu-se o som de explosão horrenda, terrível, desconhecida. E negras nuvens, e chuva e pedra. Era a luta pela vida. Pedras e água, para não sucumbir - peixes, em oferenda - Três dias e noites em que os quatro Homens lançaram do barco água, pesca e pedras. Dedicação, compenetração, teimosia Inabalável, resoluta - frenético, indemovível - Essencial a submissão: absoluta. Chame-se como quiser o determinado, compulsivo, galgar de infindáveis degraus de ondas. Herdou de seus ancestrais a orientação - dava-se pelo oriente - Orientado assim norteava-se ainda. Mas sem sentidos, sem norte, pois já sem destino. O tempo de tambor marcava as batidas das pás dos remos. O sal causticando a pele como que petrificava mais e mais suas faces. O cálido bloquear do cérebro no forçar dos remos. Reforçando forças que nem sabia ter. Chorava apenas com os cabelos, que vez por outra, rápido, jogava de lado, traindo involuntários pesares ao pingar na testa ao bater nágua de remar autista, forçando piscar de pálpebras. - Cada descer trazia conseqüente subir. escorregando os remos, escorrendo paro mar; - ritmar teluricamente acompanhando - até o pintar das ondas, em suaves círculos de artista. Por cada degrau deslizado - desatino de seu teimoso instinto – ressoava Como o tam - tam - tam que marcava suas têmporas do mesmo sangue que lhe escorria pelos dedos Nômade marítimo convertido, seguia.... a força do ar volátil significava, à vista do sol, alteração no sentido fútil, altura e força de ondas a galgar e deslizar. Mas não em seu marasmo, - castelos ondulantes alçando à proa embora – já nem os vê, lamenta, canta, grita: sorri. No madeirame do convés o seu guia. Pois a um tempo etéreo e sólido. Ali devoto mas inútil capitão de pobre nau, - assombrado a perder-se entre brumas e escumas – a cada degrau deslizado, a direção solar do barco raso dava por marco... seguir no sentido do anterior do moto das marés - a força de remos – o sombreado aquático do velame roto. E ainda os pés do último filho, ali, por um instante enfrentavam, estáticos, o ritmo que impunha. Ainda assim afinal seguia aéreo, balouçante, solto, - hesitante por um átimo – o sentido para o qual pendia o barco. Onde seu povo, sua ilha... Nas profundezas repousavam com deuses d’água e fogo pai e mãe, e mulher e filha. Sem direção, sem sentido, só ao oriente rumava. Só remava.
Posted on: Wed, 23 Oct 2013 15:22:49 +0000

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