“Estou surda. O estouro das bombas machuca cada vez mais meus ouvidos torturados com palavras. Sinto-me tão só… Manchas aparecem em minha pele, feridas que não sou capaz de lembrar onde fiz. Meus ossos reclamam, meus cabelos se enchem e se rebelam contra minha pouca e comum beleza. Vejo sorrisos a cada lado, sou capaz de distingui-los pelas fumaças, junto com sons de risadas. Só quero me enterrar nesse chão pobre por um tempo, até que os necrológios saiam da boca daqueles cujo o abraço está tão distante de mim. Talvez se os demônios me trouxessem menos infernos os meus olhos perderiam esse ponto cego que me impede de ser plena. Estou vulnerável, minha armadura já não é mais forte o suficiente para me proteger de tudo isso que me afeta, meus sentidos agora são pesados e básicos, tendem a inércia permanente. Aquele sol de infinitos raios morreu num crepúsculo ralo de sonhos e eu já me afoguei aqui na terra seca. Só queria ser surda internamente, também. Perder um pouco do agudo da minha mente se revoltando em ecos contínuos, só queria poder rezar em mudez divina um Aleluia quebrado. Quebrado em branco sólido, como eu sou.” — Ato de sepultar em trio, com Ana F. e Matheus T.
Posted on: Sun, 14 Jul 2013 19:14:11 +0000
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