Eu dou aula na rede pública. Eu dou aula de Arte. Não bastasse ser a horinha da baderna. Não bastasse ser a horinha em que tudo posso e liberdade é confundida com bagunça, dispersão, como se processo criativo não envolvesse reflexão, seleção, escolha, critério. Como se intuição fosse algo alheio ao humano. E tantos como se... Não bastasse isso. Ainda como artista que sou, percebo que ideais não são como antigamente. Sem nostalgia. Ok. Mas, poxa reduzir tudo a celular... é f... ops não posso dizer isso. Não bastasse essa redução à mediocridade. Vivemos a Era da Ingentileza. Os alunos são alunos no sentido de sem luz. Não apreciam o conhecimento. Não são gentis com ele. Não dão a ele permissão. Vivemos a Era da Ingentileza. Em que todo ato de boa vontade é facilmente convertido em chacota. Em que sorriso só se for para zombaria. Onde está o sorriso do Feito? E do feito juntos. Esse sorriso está ali perdido no despeito e na vergonha de se ser humano. Minha vontade de chorar, lágrima que não sai não é por aquela grosseria daquele aluno, ou do seu descaso por aquilo que amo: ARTE. Mas, principalmente por me sentir anacrônica num espaço tempo onde a gentileza e o se importar como o próximo se tornou tão banal, tão brega que os alunos, os sem luz, zombam de si mesmo no descaso ao outro: seja ele conhecimento, professor, colega o que quer que serja. Desumanização. Sem Luz. E os que levam a Luz? Onde estão? Bem ali onde a lágrima não sai, fruto de desgosto profundo num mundo onde os ideias são estupidez de hippie mediocre de novela. (se é que aquilo pode-se denominar hippie. ) lamentável. Verdade (?) tida como aceita. Meus heróis morrerão de overdose? Não, meus heróis nesse ambiente de descoisificação e desumanização nem se permitirão nascer... e eu sinto muito...
Posted on: Tue, 17 Sep 2013 19:34:56 +0000
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