Eu lembro que quando acabou o regime militar eu tinha uma - TopicsExpress



          

Eu lembro que quando acabou o regime militar eu tinha uma preocupação grande com a falta de lideranças políticas no país, do quanto elas haviam sido apagadas por aquele regime. E como eu estava errado!! 21 anos de regime militar não foram capazes de deixar o Brasil tão órfão de líderes como os últimos anos foram! Naquela época ainda tínhamos Tancredo, Ulisses, Covas, Montoro, Lula, Suplicy, Erundina. Mais do que pessoas, ainda tínhamos partidos como PMDB, PT e depois PSDB, todos com cara de luz no fim do túnel. Acho essa situação que estamos vivendo hoje muito problemática. A falta de ter pra onde correr ou em quem confiar é a estrada pavimentada pra aventureiros. Os partidos deveriam ser – talvez até mais do que os governos – portos seguros pra sociedade. E certamente não o são mais. Claro que corrupção não é novidade no país, mas depois de todas as que já tivemos, depois do mensalão a corroer o caráter do PT, vem o escândalo da Siemens/PSDB e ainda hoje mais uma denúncia na Época envolvendo Petrobrás e PT. Não estou ainda me posicionando em relação a nenhuma dessas duas últimas, tenho o bom hábito democrata de não condenar nem inocentar ninguém antes que a coisa se mostre mais concreta. Mas é claro que sabemos que quando esse tipo de denúncia acontece, na melhor (ou pior...) das hipóteses, no mínimo uma parte da história é verdade. O problema disso, dessa enxurrada ininterrupta de acusações, suspeitas de desmandos, corrupção e mau gerenciamento da res pública, é a degradação das instituições perante os olhos da sociedade. É a descrença e a vontade de se ver livre disso tudo que abre espaço para a gaiatice política, pra incompetência crescer e em casos extremos até mesmo pra idéias totalitárias (à esquerda ou à direita, tanto faz) ganharem vulto. Num país onde o legislativo, o executivo, o judiciário e a imprensa estão sob suspeita, num país onde não há uma legenda meritória de voto ou de confiança, qualquer força pode emergir, sem controle, apenas pelo simples fato de não ser “um deles”. O caráter acéfalo e com ausência clara de mote das manifestações de junho, incluindo ali a alergia demonstrada por quase a totalidade dos manifestantes contra o engajamento de qualquer partido político, corrobora a idéia já óbvia de total e geral descontentamento e descrédito da população com todo o atual cenário político brasileiro. Outra demonstração recente disso foram as eleições passadas pra prefeito em São Paulo, onde até o último momento quem estava liderando era alguém sem mérito algum, liderava como arauto do recado da população com seu descontentamento com os dois maiores partidos do país. Nesse sentido que estou falando agora, as duas ações são muito similares. E não vejo no curto prazo como esse quadro possa se reverter. Se a eleição presidencial fosse hoje, a única opção de voto que eu teria seria a Marina Silva, de quem gosto e admiro muito, mas em quem não percebo as qualidades e a estatura política necessária pra governar o país. Eu espero que o quadro político brasileiro se renove o quanto antes. Precisamos disso pra seguir em frente hoje, mais do que precisávamos em 84.
Posted on: Sun, 11 Aug 2013 01:00:15 +0000

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