Eu nunca entendi porque as pessoas postavam textos sobre a morte de alguma pessoa querida no facebook. Hoje, pela primeira vez, entendi a necessidade de se auto enganar. E hoje eu necessito me auto enganar. Passei o dia buscando palavras e tentando aceitar. Tentativas em vão... as palavras surgem embaralhadas (e talvez não tenham um sentido lógico); aceitar: difícil, eu diria impossível, troco esse termo por acostumar. Acostumar com sua ausência, com a ausência do seu sorriso, da sua força, da sua alegria contagiante. Acostumar com a ausência de ver você passar na rua dirigindo o abacatão e cumprimentar com um grito. Acostumar com a ausência dos conselhos da madrugada, buscando conforto. Acostumar com a ausência da sua ausência, quando eu começava a organizar o quarto e você afirmava que eu estava te mandando embora. Acostumar com não escutar mais você pedindo um presente, que podia ser uma camiseta que realçava seus mamilos, uma simples folha de árvore ou um abraço... afinal, todos lhe satisfaziam. Acostumar a não escutar sua voz eufórica e alta, sua risada engraçada e alta. Acostumar em não ver mais o pegador, que convenhamos não era só do arguile que falávamos. Acostumar que não será mais possível fazer piada com o seu nariz. Diversos trechos de música foram encaixados hoje: os bons morrem jovens ninguém consegue entender porque o garoto morreu por quê um jovem que vivia sorridente perde a sua vida assim tão de repente? e pensar em música faz novamente pensar em você. Aquela cópia do seu pen drive me fez escutar de rap à Amado Batista, e assim no seu ecletismo, fica díficil escutar uma música que não remeta a você. Pra falar a verdade, hoje cada detalhe lembrou você, dolorosamente lembrou você. Eu ainda não sei como faz para aceitar sua partida. Mas dentre os diversos consolos que escutei hoje, de uma sábia pessoa me fez engolir o choro e ver tudo isso de outra forma. A morte é dolorosa pra quem permanece, pra quem faz a passagem é uma fase vencida Pensar assim me fez entender que diante da sua grandiosidade, do seu coração nobre e da sua força, você se tornou alguém superior, que merecia estar acima. E por falar em estar acima, eu quero pedir que você não cuide de quem ficou ai do céu não... que você cuide de cada um lado a lado e dentro do coração, porque eu sei que mesmo que na ausência do corpo, você estará presente. Segurar as lagrimas ao escrever sobre você se torna cada vez mais díficil, é complicado manter o foco e as ideias se perdem, mas me sinto mais leve por no meu auto engano poder ter a última conversa, que por uma semana eu venho adiando, ignorando os sinais de que eu não deveria adiar. Eu queria tanto te indicar uma leitura A culpa é das estrelas - John Green, li aos prantos e em cada página lembrei de você, porque o livro conta a história de pessoas guerreiras como você, lutadoras contra uma doença maldita e injusta. Mas eu preferi esperar o seu transplante, a sua volta e o dia em que íamos cumprir a promessa de tomar nossa vodka. Acordei com a nossa promessa destruída e com vontade de gritar. Obrigada por mostrar como viver, mesmo diante de fardos pesados. Me despeço te agradecendo por ter brilhado em minha vida e LITERALMENTE brilhado em forma de estrela hoje no céu, EU TE VI
Posted on: Tue, 05 Nov 2013 03:36:07 +0000
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