Eu passei metade da manhã no Ana Adelaide. Assim que cheguei lá, contei 25 pessoas pra serem atendidas (consulta e emergência). Com o tempo, mais pessoas foram chegando. Uma senhora chegou com o Samu e começaram a gritar com ela pra pegar informações - ela quase não conseguia responder, falava muito baixo. Imagino que fosse dor. O posto estava cheio de gente de branco andando por todo canto e eu comecei a procurar por um médico. "Você é médica?" "Não, sou técnica em enfermagem." "Tem algum médico aqui?" "Só dois." A pessoa com que eu estava foi atendida por um técnico. O médico chegou sem nenhum papel, e pediu pro técnico ir buscar pra ele. Olhou alguns segundos pro paciente e mandou pro raio-x. Fiquei esperando. Algum tempo depois, dois homens chegaram e eu os reconheci como médicos. Eles não estavam de jaleco: só pararam no corredor e começaram a conversar. Um homem chegou sem o dedo do pé e sentou. Eu fui embora e ele ainda não tinha sido atendido. Eu só conseguia lembrar do Chico cantando "E aí me dá uma tristeza no meu peito, feito um despeito de eu não ter como lutar. E eu que não creio, peço a Deus por minha gente. É gente humilde, que vontade de chorar".
Posted on: Thu, 01 Aug 2013 14:42:03 +0000