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FAÇO NOVO POST. É SEMPRE BOM LEMBRAR: " UM COPO VAZIO ESTÁ CHEIO DE AR". O QUE É SER REVOLUCIONÁRIO NA TRANSIÇÃO PARA UMA SOCIEDADE-EM-REDE Os revolucionários sempre se preocuparam em tomar o poder para promover as transformações que sonhavam para as sociedades. Para tanto, organizavam-se hierarquicamente, criavam destacamentos de combate que (por via legal ou ilegal ou ambas) tinham como tarefa estratégica destruir o inimigo, tomar-lhe os recursos de sustentação e os meios coercitivos de que dispunha para então empregá-los em prol de sua causa redentora. Uma vez vitoriosos, continuavam se organizando segundo um padrão hierárquico, seja para impedir a volta do inimigo, seja para usar o poder (hierárquico) para dar continuidade às mudanças que preconizavam. Acontece que o comportamento das sociedades depende dos graus de interatividade ou dos padrões de interação que nelas se configuram. E que descobrimos recentemente que padrões centralizados (hierárquicos) de organização são avessos à interatividade. Assim, o poder (hierárquico) consegue obter a adesão, em alguns casos induzir à participação, mas jamais desencadear a manifestação da fenomenologia da interação. Um desses fenômenos da interação que se manifestam em sociedades altamente conectadas é o swarming (enxameamento), como o que ocorreu nos dias 17 e 18 de junho de 2013 no Brasil. Grandes swarmings, como esse que aconteceu no Brasil e muitos outros que vêm ocorrendo com cada vez mais frequência neste século em várias partes do mundo (na Espanha, na Tunísia, no Egito, na Turquia, na Bulgária, na Grécia etc.) acontecem simplesmente porque podem acontecer, em função da interatividade (que é, por sua vez, função dos graus de conectividade e distribuição da rede social que estrutura as sociosferas onde acontecem), mas não podem (felizmente) ser convocados, preparados ou organizados por qualquer destacamento. E quando acontecem - independentemente do fator desencadeador (seja a redução da tarifa de ônibus, a preservação de um parque urbano, ou a prosaica liberdade de beijar na via pública) - não seguem uma pauta elaborada antes da interação por algum grupo centralizado (hierárquico). Às vezes expressam a manifestação difusa de um descontentamento profundo (mas raramente explicitado de modo único) com algum ator, fator, evento, processo (ou, mesmo, com o sistema: embora as pessoas enxameadas não saibam explicar o que é "o sistema"). Às vezes são movimentações moleculares em torno de um objetivo geral ou de um sonho de futuro presente durante longo tempo no imaginário de determinada sociedade. Podem acontecer em 5 horas (como o exameamento de março de 2004 na Espanha) ou durar um século (como a ocupação do Oeste nos USA). Quanto maior a interatividade, mais contraída no tempo é a manifestação do fenômeno. Sociedades com altos graus de interatividade estão mais vulneráveis a swarmings fulminantes, verdadeiros tsunamis sociais. Mas swarmings não são os únicos fenômenos associados à alta interatividade. Existem muitos outros, como o clustering, o cloning, as reverberações, os loopings... e, com certeza, o mais importante deles: o crunching (amassamento do tamanho social do mundo, diminuição dos graus de separação ou redução da extensão característica de caminho) que - tudo indica - está mudando não apenas a fenomenologia senão a natureza do que chamamos de sociedade humana. Quem quer ser revolucionário na transição para uma sociedade-em-rede como a que estamos vivendo agora, deveria dedicar uma parte do seu tempo para investigar e aprender um pouco sobre essas coisas. Deveria saber, para começar, que tudo que interage clusteriza e pode enxamear. Que o cloning (imitamento) está, não raro, na base de swarmings (quando a imitação simultânea de muitos por muitos gera emaranhamentos que constelam novas configurações que se propagam exponencialmente). Que são necessários muitos feedbacks, muitos laços de retroalimentação de reforço, muitas reverberações, para que pequenos estímulos provenientes da periferia dos sistemas estáveis afastados do estado de equilíbrio, possam se amplificar de modo a modificar o comportamento dos agentes do sistema como um todo. E que só quem pode fazer isso é a rede, não hierarquias. Multidões de milhões não podem ser convocadas centralizadamente, nem mesmo descentralizadamente. Elas acontecem em virtude da existência de mecanismos distribuídos próprios das redes. Tais processos não podem ser urdidos por um comitê central e nem podem ser convocados por meios broadcasting. Só ocorrem quando se trafega pelos canais próprios das redes, por meios P2P, ou seja, quando o fluxo percorre os múltiplos caminhos de topologias distribuídas.
Posted on: Fri, 26 Jul 2013 13:05:21 +0000

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