Foi vendo meninos e meninas negros, e negros e pobres, tentando uma chance, sofrendo, brilhando nos olhos uma esperança incômoda diante de tantas agruras, que fui mudando minha opinião. Não foram argumentos jurídicos, embora eu os conheça, foi passar não um, mas vários dias na cadeia. Na cadeia deles, os pobres, lugar de onde vieram meus pais, de um lugar que experimentei um pouco só quando mais moço. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido. Concordo em grande parte com o texto, mas faço uma ressalva. Não creio em cota para o negro em si, apesar de admitir que existe um abismo racial/econômico em nossa sociedade. Mas acredito com todas as forças que a solução vem através das cotas sociais, aquelas destinadas a atender o pobre, independente de cor. negros foram escravos, mas os italianos, japoneses e tantos outros imigrantes foram explorados de forma parecida e as vezes tão desumana quanto no período escravocrata. Não acredito que o ponto de partida vem através da cota no serviço publico ou universidade publica, mas vem através do investimento na educação de base (ensino fundamental e médio), em politicas de incentivo a contratação dessas pessoas pelo setor privado, Mas o que é mais fácil e barato? oferecer cotas no ensino superior que atende apenas uma minoria do publico negro e pobre? ou remodelar todo o sistema de ensino básico que atende todos os negros e pobres, com politicas de assistência social? bom, acho que você já tem a resposta. A faculdade não é garantia de vida melhor, o curso superior se trata apenas de uma capacitação profissional, nada mais, posso muito bem querer ter minha vida com apenas o ensino médio, sendo motorista, carpinteiro, cozinheiro e etc.., e não me julguem por isso, são todas profissões dignas e essenciais a sociedade. Um porteiro não deve se achar inferior a um gerente. Um instalador de cortinas deve ter tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada deve impedir de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem uma breja juntos. Ninguém deve olhar pra baixo e ninguém olhar por cima. A profissão não define o valor da pessoa (trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado) Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”. Profissões especializadas logicamente pagam mais, mas não deve ser muito mais. Igualdade social significa menor distância social: onde todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não deve haver muito alto. Um lixeiro não deve ganhar muito menos do que um Juiz. mas o que falar de um Pais onde o salario minimo é 678 reais e o máximo 28mil reais? vivemos hoje em um Pais que supervaloriza o Diploma Superior como se esta fosse a solução de todos os problemas, e com isso veio a banalização da faculdade, diplomas sendo vendidos por 199 ao mês, com aulas na internet, universidades não preparadas para essa demanda lavando as mãos e entregando profissionais meia boca a vontade, apenas para fazer bonito nas estatísticas. Cotas em universidades não são e nunca serão a solução, pelo menos e assim que vejo, porem volto a repetir acredito de todo coração que as politicas diferenciadas de inserção ao mais necessitados são necessárias, alias mais do que necessárias, são essenciais para pelo menos tentar diminuir o abismo social existente. e entre não ter nenhuma politica e ter essa, prefiro que ao menos tenha essa tentativa, mesmo que acredite que o caminho não é esse.
Posted on: Tue, 19 Nov 2013 22:19:08 +0000